Wednesday, August 30, 2006

Segredos


Há segredos deliciosos de guardar... segredos só nossos que nos aquecem a alma e fazem-nos sentir cumplices de nós mesmos... um dia conto...

Monday, August 28, 2006

Pois é...

Tentación, Salvador Dali

Por vezes a vida parece-me tão surreal como ele a pintava....

Discussões inglórias...

Não sei se fruto da idade ou se da mudança do feitio (gosto de acreditar que a idade me tornou uma pessoa mais flexível) mas sei que não gosto de entrar em grandes discussões. Não sou aquela pessoa que adora passar horas a discutir o sexo dos anjos ou o crescimento/queda da economia ou, na verdade, seja o que for. E também não tenho o hábito de teimar em ponto nenhum mesmo quando acredito que tenho razão. Como se costuma dizer, guardo a minha razão para mim, confesso que muitas vezes esperando que o meu interlocutor nessa conversa, depois de descobrir que teimava sem razão, ma venha a dar a mim. Mas a verdade é que a maior parte das vezes, para não dizer, sempre, as pessoas parece que gastaram todo o vigor na discussão, não tendo depois forças para reconhecer que estavam errados. Mas a verdade é que, apesar de não parecer, isso também não me importa.
Tenho uma amiga que adora discutir tudo. Tudo é passível de ser um belo motivo de discussão calorosa, seja num copo de fim de tarde, num almoço, num café a correr, num intervalo de cinema ou num percurso de carro. Canso-me, confesso. Ao contrário de muitos, que o acham constrangedor, gosto de apreciar o silêncio.
Mas pior ainda, são as pessoas que, numa troca de ideias, depois de fazerem fica pé numa questão dizem "mas pronto, deixa lá, tu é que sabes". Sim, porque atenção, eu não gosto de entrar em discussões, mas também não gosto de as deixar a meio, saindo airosamente pela porta dos fundos. São assim as pessoas que, quando sentem que estão a perder a razão, terminam a conversa.
É inglório, é o sentimento de que estamos a deixar qualquer coisa a meio, no ar. A palavra fica debaixo da língua, a fazer comichão e não pode já sair porque o "eu acho isto, eu tenho a certeza, mas pronto, deixa lá, não vamos discutir por causa disto, não é...."
Parece que só demos um gole no café, parece que nos fecharam a caixa dos chocolates enquanto ainda tinhamos o dedo la dentro, parece que deram a cheirar um bolo quente que depois oferecem a alguém, parece que vem o empregado da loja com aquele artigo que nós queremos mesmo mas depois diz, Afinal está reservado....
Eu reservo-me o direito de ser assim, não gosto de entrar em discussões mas, quando se torna inevitável, gosto de sair pela porta grande e de fechá-la atrás de mim.

Tuesday, August 22, 2006

catelos de areia



Uma das coisas boas em levar crianças para a praia (para compensar as coisas menos boas como não conseguir ficar estendida ao sol durante horas, dormir na praia ou apanhar sol ao meio dia) é a possibilidade de regredirmos e dedicarmo-nos aos castelos de areia sem fazermos figura de parvos (pelo contrário, passamos por pais fantásticos, sem que ninguém descubra que a criança está desejando ir para a toalha apanhar sol, mas pacientemente espera que os pais brinquem mais um bocadinho...). E lá fomos nós, munidos de pás, baldes, ancinhos e acessórios afins, empenhados em misturar a quantidade certa de areia molhada e seca... Um factor curioso: eu prefiro fazer castelos onde ponho janelinhas, pedrinhas, jardins, o meu marido prefere cavar buracos na areia e o Martim adora destruir os castelos e tapar os buracos feitos pelo pai... Se Freud nos visse...

Porto Santo - Parte II


Sem querer parecer repetitiva, nem pouco original (já que a Lenca tb deixou foto do Porto Santo), cá estou eu de volta desta magnifica ilha! É que eu ADORO o Porto Santo com todas as suas qualidades (praia fantástica, lambecas, mar quentinho) e defeitos (serviço péssimo nos restaurantes, falta de produtos nos supermercados, café horrivel, montes de gente em Agosto)... O Porto Santo tem quanlquer coisa que apaixona... a sensação que há tão pouco para fazer, que finalmente podemos gozar o "não fazer nada", a rotina dos dias (café na Vila de manhã, praia, café na vila à noite...) e aquela moleza que só quem lá esteve sabe...

Rai´s part´o poder de encaixe!




"oh, isto é mesmo assim....é assim que aquela casa funciona. Tens que te habituar..."

E tenho que calar, engolir o sapo, respirar fundo e maximizar esse meu poder de encaixe. É a cultura do passar a batata quente, de a pôr a escaldar noutras mãos que não as suas. Até teria piada SE FOSSE UM JOGO!
Só me lembro um colega meu a dizer que é a filosofia da função pública: descobrir alguém em quem pôr a culpa. E de facto aquela casa tem o seu je ne sais quois de função pública. E digo isto só para dar uma piada a este parágrafo com a expressão em francês porque, na verdade, aquela casa é toda ela função pública.
O engraçado é que conspiram todos enquanto veêm que podem pôr a culpa em cima de alguém que está desatento ou que não antende o telefone (Erro crasso. Ao que parece deixou de existir a função de caixa de mensagens. Se não atendes, atendesses...) mas quando essa pessoa fica disponível e dá as suas válidas explicações suspiram com um ar de já passou: oh sim, mas deixa lá isso.
Claro que deixa, já te julgaram e condenaram!
Claro que dá vontade de pôr de lado quaisquer meios de comunicação que não os presenciais e, pegando o inimigo pelos cornos - salvo seja, claro - obrigá-lo a ouvir a verdade e a assumir a sua culpa.
Mas não. É suposto haver poder de encaixe.
Só espero que este sapo não seja de difícil digestão.

Sunday, August 20, 2006

Outras pequenas infâmias...

No outro dia, no ambiente de casamento de um casal amigo, tive uma conversa sobre relações com uma amigo sentado à mesa comigo. A propósito do "então tudo bem, como vai a vida", pergunta bilateral, acabámos por, entre um e outro gole no wiskhy, falar sobre relacionamentos e a forma de os encarar.
É impressionante como as pessoas sentem e vivem as coisas de formas diferentes. E nem vou entrar nas diferenças de agir entre homens e mulheres porque não consegui ainda decidir se aí reside a verdadeira questão.
Mas falava-me ele então sobre a eminência do colapso da sua relação, porque, "ela cobra demais".
"Mas o que é cobrar demais?" perguntei eu já curiosa.
"Diz, por exemplo que nunca digo que gosto dela".
Mas, "e dizes?".
"Claro que não. Pois então, se estou com ela, é porque gosto! Óbvio".
Por entre algumas explicações básicas e frases simples tentei demonstrar-lhe, sem grandes fórmulas matemáticas que óbvio, óbvio, é o facto de ela estar insegura. Por isso o pressiona, para que ele lhe demonstre que não a quer perder, para que mostre que se importa. Para que, acima de tudo lhe mostre que a ama.
Não sei se ele está certo ou errado mas sei que gosto que me digam que gostam de mim. Tão mais simples, sem jogos.

Saturday, August 19, 2006

Pequenas infâmias...

Traumatizada com uma entrevista dada a uma revista que um antigo professor meu, Jorge Wemans, com certeza apelidaria de abjecta - a revista, não a entrevista - acedi a responder a umas breves questões para uma revista de um semanário depois de me certificar de que poderia rever o texto antes da publicação. É um daqueles inquéritos leves de Verão com perguntas que invariavelmente procuram respostas curtas sobre virtudes, defeitos, memórias de infância, de viagens, entre outras. E é sobre uma dessas outras que agora me recordo. Quando confrontada no papel pelo início de frase "O que mais gosto nos outros...", completei assim "é poder contar com eles nos maus e nos bons momentos. ".
Difícil é quando nos apercebemos de que afinal não é bem assim. Costumo dizer que o pior é quando "desistem de nós". Acho pior do que tudo, pior do que odiar, do que insultar. Desistir é mesmo o fundo do poço. Eu desisto.

Meter o bedelho na vida alheia...

Ganhei este hábito, penso que na altura da Universidade, com uma amiga minha que me chamou a atenção para o quão delicioso pode ser prestar atenção nas conversas, nas acções dos outros. Claro que corremos o risco de ouvir um simples "a tua vida não te chega?". Mas a verdade é que, provavelmente desvirtuando um pouco o hábito que ela me passou, passei a prestar atenção a coisas tão estapafúrdias como as compras de supermercado do cliente à minha frente na caixa.
Não acham interessante? Enganam-se. Pode ser visto como um jogo que se for jogado com companhia, ainda é melhor.
Um senhor, aparentando ter 60 anos compra: 9 cervejas, 1 pão de forma e azeitonas. Parece fácil este não é? Vai ver a bola, com certeza. E acompanhado. Isso ou bebe bem. Mas prossigamos: o que vai pôr no pão? Será que tem uns enchidos à espera no frigorífico? Ou um queijinho de barrar...Será que tem a mulher em casa à espera para o ajudar a preparar os petiscos?
Uma rapariga, aparentando vinte e muitos, leva: 2 embalagens de puré de maçã para bebé, 1 garrafa de vinho tinto alentejano, 2 maçãs pink lady, 1 embalagem de líquido para limpar mobília e 1 boião de cera depilatória. A primeira pergunta que faço é "Qual destes produtos a levou a pensar que tinha que vir neste dia, a esta hora ao supermercado?". O puré para o bebé? Mas e só leva 2, nem vão os 4 da praxe? A garrafa de vinho é para acompanhar o jantar? Vai jantar sozinha? E vai limpar a mobília a esta hora??
Pode ser difícil não concordam? Mas também muito divertido, vão por mim. O que têm a perder? Sempre ajuda a passar melhor o tempo na fila.

Friday, August 18, 2006

Um voto de protesto...

...para a Netmadeira. À conta de um novo site ou portal ou lá o que é, ando sem Internet em casa, motivo pelo qual não tenho conseguido aceder ao Ler Devagar.

Friday, August 11, 2006

Os próximos dias serão aqui...


....Até 3ª feira o Ler Devagar muda-se de malas, bagagens, bikini e oculos de sol para esta praia. Compreendam que dificilmente conseguiremos trocar esta areia e este mar, por um computador...

Idade dos porquês III....

Porque é que todos os anos é a mesma coisa? E porque é que tantos anos depois esta Quinta-feira passada foi o pior dia de sempre em termos de incêndios? Quantos mais anos vamos precisar para aprender? Vamos esperar pelo próximo ano para beter novos records?

Idade dos porquês II....

Porque é que há pessoas que, numa mesa de almoço, entre amigos, não conseguem evitar comentários como: "Não faças assim", "Não comas assado", "Porque é que és sempre cozido?". E mesmo quando a conversa é com o do lado, insistem em dizer, "eu nunca diria isso assim", "eu nunca faria isso grelhado".
Resumindo, porque é que há pessoas que acham que a opinião delas é fundamental?

Idade dos porquês I....

Porque é que há pessoas que começam todas as suas frases com: "não..."

Wednesday, August 09, 2006

Não acredito em bruxas mas... ELAS ANDAM AÍ!!

Já tiveram a sensação de estarem a ser verdadeiramente sacaneados (passo a expressão...)? de haver pessoas que por inveja, maldade, ou simplesmente por não terem mais nada para fazer, satisfazerem-se a boicotar a vida dos outros? Não ganham nada com isso, mas parece que tiram prazer (sádico, sem dúvida) do simples facto de sentirem que têm o poder de ser uma "pedra no sapato?". São pessoas que em vez de lutarem pela sua própria felicidade e realização, perante a sua vida vazia e pequenina, vão boicotando como podem a vida dos outros... Assim podem suspirar alegremente: "a minha vida não corre bem, mas a dos outros também não...". Há pessoas a quem a felicidade e sucesso dos outros incomoda. Mais maquiavélico é quando esse boicote vem de alguém que pela frente é uma fonte de simpatia... Pior bruxa é aquela que se mascara de fada! Sou pela frontalidade: quem é bruxa que se assuma como tal! Não suporto bruxas cobardes!

Açores


Voltei!! Sentiram a minha ausência? Uma semana nos Açores e cá estou de volta (e a precisar de férias novamente...). Quanto aos Açores, recomendo! Surpreendeu pela positiva. Calmo, verde, cheio de vacas e lagoas, como é tudo plano dá para passear horas de carro e não enjoar (coisa que cá nesta ilha é dificil...), as verdadeiras férias em família... Quem nos viu nos anos 90 (hehehe... os nossos filhos daqui a uns anos dizem surpreendidos: "vocês já eram vivos nos anos 90?") de mochila às costas pela Holanda e nos vê agora de hotel, carro alugado, a tomar o pequeno almoço pelas 8 da manhã para aproveitar o dia, a sair todos os dias com vários sacos às costas (o da praia, o das fraldas, o da comida, etc.) e a elogiar a paz e o sossego do destino de férias vê como as coisas mudam. Quando pensamos nisso pensamos "puxa, anda bem que aproveitei bem os anos 90!".

Tuesday, August 08, 2006

Mesmo assim...



Sempre que morre alguém, a minha mãe entra em pânico porque diz que morrem sempre três de seguida. O meu pai, diz que Deus anda a escolhê-los a dedo e, em revolta interior, suspira que só são escolhidos os melhores, os que mais falta fazem.
Acabei de saber que houve uma senhora que conheço que foi operada de urgência para tirar um pequeno tumor no peito e que, ao operar, o médico constatou que já era tão avançado que tinha que retirar todo o peito. Dei por mim a pensar no que teria ela pensado ao acordar...

Mesmo assim, insistimos em preocupar-nos com insignificâncias. Mesmo assim, insistimos em não dar valor às coisas certas. Mesmo assim, insistimos em pensar que o mal, só acontece aos outros...

Mudar de hábitos?...

Tenho o hábito de não tirar férias em Agosto mas confesso que este ano a preguiça está a bater forte e esta coisa de estar meio mundo de férias e ou outro meio sem vontade de trabalhar, me está a afectar...

Thursday, August 03, 2006

Leituras IX: Dora Bruder...


Esta imagem é referida no livro pelo autor. Dora com a mãe Cecile e uma vizinha.


...De Patrick Modiani é escrito na primeira pessoa, ou seja, escritor e narrador são apenas um. A história começa quando lê, mais de 40 anos depois de ter sido publicado, um pequeno anúncio no jornal Paris-Soir.

Procura-se uma rapariga. Dora Bruder, 15 anos, 1m55, rosto oval, olhos cinzento-acastanhados, casaco desportivo, camisola em tom bordeaux, saia e chapéu, azul marinhos, sapatos leves castanhos. Endereçar todas a indicações ao Sr. E à Sra. Bruder, Alameda Ornano, nº 41, Paris.
A precisão dos dados, a época em que foi publicado - Inverno de 1941, altura em que, em Paris e em tantas outras cidades Europeias começa a sentir-se a perseguição nazi aos Judeus que agora têm que se recensear e andar nas ruas identificados - levam o autor a fazer uma minuciosa busca por jornais, arquivos, bairros que de alguma forma estejam relacionados com Dora.

Ignorarei para todo o sempre de que modo ela passava os dias, onde se escondia, qual era a sua companhia durante os meses de Inverno aquando da sua primeira fuga e no decurso das pouca semana de primavera em que escapulira de novo. Eis o seu segredo. Um pobre e precioso segredo que os carrascos, os decretos, as autoridades ditas de Ocupação, o depósito de presos, as casernas, os campos, a história, o tempo –tudo o que nos macula e destrói – não puderam roubar-lhe.
O tempo...
É um pequeno livro da colecção Pequenos Prazeres da Editora Asa, um daqueles que comprei a preço azul, ainda lá está a etiqueta, custou-me 1,50€.

Tuesday, August 01, 2006

Afinal em quê que ficamos?

Quando somos crianças, adolescentes, achamos que temos a vida toda para mudar, quando chegamos a adultos achamos que já é tarde demais para mudar...