Wednesday, October 11, 2006

Sem ti e a tua nudez

(Há horas em que sem ti e a tua nudez
as lágrimas são como um temporal
furando a negra pedra dos montes
Como um rio que galga as margens
e tudo e todos arrasta
Ou uma casa abandonada de tão queimada
que nem os mendigos se atrevem a trespassar
por nela só haver lugar para o temporal)


Sem ti e a tua nudez

(Outras horas há em que as palavras são
todos os loucos do Mundo e suas gargalhadas de séculos
concentradas nas feridas paredes dos hospícios)

Sem ti e a tua nudez

(entre as horas que sou tudo isto e mais aquilo
a carne inquieta-me apodrece e perco a coragem
de estar vivo por me sentir sempre demasiado vestido)

Emanuel Bento

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