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Wednesday, November 28, 2007

Leituras XXII: História do Rei Transparente...


...de Rosa Montero é um livro a não perder. Especialmente para quem, como eu, gosta desta escritora espanhola.
É uma história completamente diferente daquelas a que habitou os leitores com Histórias de Mulheres, O Coração do Tártaro ou a Louca da Casa.
Aqui seguem-se os passos de Leola, uma camponesa adolescente que num tumultuoso século XII se vê obrigada a vestir a pele de um corajoso guerreiro, Leo, para conseguir ser livre.
São personagens criadas pela imaginação desta escritora que nos surpreendem a cada página. O próprio cenário de guerra, rebelião, a necessidade de esconder a identidade, de calar os ideais. A história do rei transparente que não pode ser contada, a constante fuga e encontro com novos personagens.
Acho que este livro é uma insólita viagem à Idade Média vista de uma forma até então desconhecida. Li algures que era um romance "original e poderoso". Eu não diria melhor. Se não acreditam, leiam.

Tuesday, September 04, 2007

Leituras XXI: A Promessa do Livreiro....


... de John Dunning foi outra das minhas leitura de férias. Comprei-o a meio caminho a prever que um livro não seria suficiente. Lembro-me de ler a sinopse e pensar que era um risco grande, mas seduziu-me o tema ser o livro em si. Como o outro, um livro sobre um livro.

O livro varia entre o romance e o policial, com alguns laivos de história. Fala-nos do mundo dos livreiros (Alfarrabistas) e do que são capazes de fazer para conseguir um livro. Fala-nos também do poder dos livros e de como alguns guardam segredos inimagináveis.

Josephine Gallant, sabe que Cliff Janeway, amante de livros e investigador, acabou de adquirir em leilão a primeira edição, assinada, de uma obra do lendário explorador e aventureiro inglês Richard Burton, ele próprio um linguista e tradutor do século XIX. A partir daí inicia a sua derradeira viagem para provar que esse livro era inicialmente seu, e que é apenas um de uma colecção que lhe foi roubada. São livros que revelam que a viagem de Burton seguiu caminhos que até aos dias actuais se desconhecem e que envolvem muitos interesses.

Friday, August 24, 2007

Leituras XX: Os Cadernos de Dom Rigoberto...

...de Mário Vargas Llosa, foi uma das minhas leituras de férias. Mais uma grande livro de um escritor que me tem vindo sempre a surpreender e cativar.

Com uma tónica sempre presente de erotismo, o livro conta a história das fantasias de um casal que passa por uma separação. A realidade mistura-se com a fantasia numa narrativa intercalada pelas vozes das personagens. Li uma vez numa entrevista que Llosa disse que se sentiu de férias ao escrever este livro. Depois de Tia Júlia e o Escrevedor de Histórias e Travessuras da Menina Má este passa também a constar da minha lista a não perder. Inegavelmente gosto da escrita deste peruano que com 71 anos mantém intacta a sua capacidade de criar e surpreender o leitor.

Tuesday, July 10, 2007

Sugestões de leitura?

As minhas férias estão quase a chegar. Não vão ser as férias idealizadas durante meses e meses (culpa dos operadores e agências, claro) mas vão ser umas férias fantásticas, com certeza. Como qualquer pessoa louca e desesperada para que chegue o momento, ando a planeá-las há um mês (talvez um pouco mais, admito), como se fossem acontecer já na sexta-feira seguinte.
Cheguei à fase em que estou a planear o que vou ler nas férias. Tenho vários livros por ler em casa mas não sei qual leve. Um dos que tenho é Os Cadernos de Dom Rigoberto de Mário Vargas Llosa. Mas aceito sugestões. Alguém?

Monday, June 18, 2007

Leituras XIX: O véu pintado...


...de Sommerset Maugham é um livro fabuloso bem ao estilo deste autor.
Dele só tinha lido O Fio da Navalha e As Paixões de Júlia e comprei este último por ser dele, por ser uma daquelas pequenas edições dos pequenos prazeres da Asa e penso que (ainda que inconscientemente) influenciada pelo filme que tinha estado recentemente em cartaz e que eu não tinha conseguido ir ver.
A história segue os passos de Kitty uma jovem algo superficial e que casa com Walter um jovem médico por todos os motivos errados. Confesso que desde o início esperei um final diferente para este livro, crente como sou no poder do amor. Depois de casados partem para Hong Kong onde Walter desenvolve a sua profissão de bacteriologista e onde Kitty, descobre o consolo nos braços de um amante. Idealizando por ele um amor que não existe e confrontada com o conhecimento do marido, Kitty nunca imaginou a vingança que um homem tão dócil lhe pudesse reservar: uma viagem pelo interrios do país até uma pequena vila infestada pela cólera.
Amor, sofrimento, dor, pena, ódio, são sentimentos que são retratados neste livro com o brilhantismo de Sommerset Maugham com a fluidez de escrita que lhe encontrei nos outros dois romances que li. Uma história fantástica que como o próprio diz no prefácio, foi inspirada numa lenda. Não é uma história com final feliz, mas todos sabemos que nem todas as histórias de amor podem ter um final feliz.

Wednesday, May 16, 2007

Leituras XVIII: As terças com Morrie...


É um livro pequeno que se lê numa viagem, numa tarde de fim de semana ou numa qualquer espera.

Mitch Albom, jornalista, reencontra o seu professor universitário, anos depois, quando este está em fase terminal de uma doença degenerativa do sistema nervoso que o vai deixando incapacitado. Esta incapacidade torna-se mais chocante à medida que vamos, leitores, percebendo que durante toda a sua vida, Morrie foi uma pessoa cheia de energia, boa energia, que passava aos que conhecia, alunos, familia, amigos...

É de morte, ou melhor, da aceitação da morte, como facto fundamental da vida, que fala As Terças com Morrie. Mas é também uma tese sobre a vida, das experiências vividas e de como delas tirar lições.

Entre os dois, depois do reencontro que acontece quando Mitch descobre que Morrie tem pouco tempo de vida, combinam uma série de encontros regulares onde falam de temas diversos como a morte, o amor, o envelhecimento, a cultura, a família, o casamento, o dinheiro, as emoções e finalmente da despedida.

Ah, se fosse novo outra vez! Nunca ouves ninguém dizer: Gostava de ter sessenta e cinco anos. Sorriu.Sabes o que isso reflecte? Vidas insatisfeitas. Vidas incompletas. Vidas que não encontraram sentido nenhum. Porque se encontrares sentido na vida, não desejas voltar atrás. Queres ir para a frente. Queres ver mais, fazer mais. Estás mortinho para chegar aos sessenta e cinco."Ouve, tens que saber uma coisa. Todos os jovens têm que saber uma coisa. Se estiveres sempre a batalhar contra o envelhecimento, vais ser sempre infeliz, porque isso vai acontecer de qualquer maneira. , Mitch? Baixou a voz. O facto é que vais mesmo acabar por morrer.

Tuesday, March 27, 2007

Leituras XVII: Fahrenheit 451...


...de Ray Bradbury veio parar-me às mãos numa das minhas habituais conversas sobre livros. Veio literalmente parar-me às mãos porque a A. (penso eu que vendo os meus olhos a brilhar de curiosidade por ler aquele livro) teve a ideia de mo emprestar.
É um livro fabuloso que encontrei depois na Fnac numa prateleira muito escondida classificado como Ficção Científica o que de certa forma (não sei se por preconceito meu) me surpreendeu pela negativa. Ainda mais agora depois de o ter lido que fico com uma enorme vontade de ligar para lá e avisar (sim, porque eles têm que saber) para que o coloquem num lugar de destaque porque é um livro que com certeza vai atrair a atenção dos leitores mais distraidos.
A acção do livro passa-se num determinado país, num tempo futuro em que os livros deixaram de existir. Mais, um tempo em que os livros passaram a ser pecados, proibidos. As pessoas vivem na realidade que lhes é dada e esqueceram o tempo em que se ria, em que se sabia do resto do mundo, em que se vivia. Existem os bombeiros mas estes homens no livro de Bradubury não têm a função de apagar fogos mas sim de queimar livros. São homens que deliram com o cheiro de querosene. Queimam os livros e quem resiste e tenta lê-los porque os consideram uma ameaça para a Sociedade. Vem daqui o título do livro: Fahrenheit 451 é a temperatura a que queima o papel....
O personagem central é um destes bombeiros que um dia conhece uma rapariga que lhe fala "do tempo em que havia livros". A partir daí e depois de ler um poema, põe em causa as paredes falantes da sua casa, a familia virtual que toma como sua.
É um livro extraordinário sobre um tempo em que as pessoas tinham que decorar e encarnar os livros que gostavam, destruindo-os depois.
Não se esqueçam: Fahrenheit 451. Comprem, peçam emprestado, façam como acharem melhor, mas leiam-no.

Tuesday, March 06, 2007

Leituras XVI: Travessuras da Menina Má...


...de Mário Vargas Llosa, é uma lufada de ar nas minhas leituras de ultimamente.

Sim, sim, chorei enquanto lia. Sim, sim, é uma história que teima em puxar-nos pelo pé para a realidade dos sentimentos. Mas é também uma daquelas histórias que não nos sai da cabeça mesmo depois de fecharmos o livro.
O último livro que tinha lido deste autor peruano tinha sido A tia Júlia e o Escrevedor do qual gostei muito. Mas este último tem uma dinâmica narrativa diferente e a história envolve fazendo-nos pensar que fazemos parte dela.
O livro acompanha a vida do personagem central, Ricardo, que em adolescente ainda, se apaixona por Lily (um dos vários nomes que adopta ao longo do livro). Um amor que vai acompanhá-lo (ou persegui-lo) ao longo da vida toda. O único sonho de Ricardo - viver em Paris - concretiza-se e diz-se que nesta parte o personagem tem muito do próprio Vargas Llosa que também viveu tempos dificeis na Cidade Luz enquanto tradutor/intérprete.
Uma das coisas que mais gostei neste livro - para além de todas as considerações em torno do Amor - foi a ideia com que fiquei de que cada um dos leitores o há de interpretar de forma diferente.
"Afinal, qual é o verdadeiro rosto do amor?"

Saturday, January 20, 2007

Leituras XV: A Herança de Eszter...

...de Sandor Marai marcou-me pela história simples, pela escrita fluida de ideias. É um daqueles livros pequenos que se lê numa qualquer espera. (Li-o enquanto esperava por uma consulta numa sala de espera. )

Através das palavras de Eszter ficamos a conhecer a sua história e de Lajos, o seu grande amor, o único que conheceu. Conforme vai falando dele, ficamos a conhecer um homem que toda a vida mentiu, que casou com a sua Irmã Vilma, e que nunca olhou a meios para atingir os seus fins. Mas mesmo assim, Eszter, passados mais de 20 anos, continua a amá-lo.

Volvido esse tempo, depois da morte de Vilma, Lajos regressa acompnahado dos seus filhos. Nesse (re) encontro, fala-se do passado, faz-se de certa forma uma catarse, e enquanto leitores voltamos a ver Eszter a cair nas malhas de Lajos.
Há coisas assim, inevitáveis.

Sunday, January 07, 2007

Leituras XIV: Império à deriva....


...de Patrick Wilcken retrata a história da corte portuguesa no Rio de Janeiro entre 1808 e 1821.


Não é um romance mas cativa, prende a atenção como se o enredo fosse ficcional e surpreendente. Bom, surpreendente até é porque, apesar de ter umas luzes sobre esta fuga em massa da corte portuguesa para o Brasil não fazia ideia que tinham sido mais de 10 000 pessoas - entre aristocratas, ministros, sacerdotes e criados - a embarcar às pressas de Lisboa nas frágeis embarcações da frota portuguesa, deixando para trás toda uma vida, dispostos a começar de novo do outro lado do Atlântico, onde pretendiam sedear o Reino Português.
Sob escolta Britânica e fugindo a sete pés de Napoleão, lá embarcaram com parcas provisões, chegando a equacionar "parar para abastecer no Reino Unido" - ali mesmo na rota. Depois é toda uma série de peripécias, estratégias políticas que vamos descobrindo ao londo deste Império à deriva que acaba também por nos ajudar a reflectir sobre as consequências para Portugal, da ausência do Rei durante 13 anos.
A viagem, que demorou cerca de 8 semanas - para os mais rápidos e que não se perderam porque entretanto é difícil manter junta uma frota numa travessia como esta - fez com que a nossa família real se apresentasse aos seus súbditos do Novo Mundo, imunda, infestada de piolhos com a D. Carlota Joaquina de cabeça rapada e esfarrapada.

Wednesday, November 15, 2006

Leituras XII: A vida feliz do jovem Esteban...


...de Santiago Gamboa foi-me dado de mão beijada. Perdão, emprestado de mão beijada, assim é que foi. Fui a 5ª pessoa a ler aquele livro, conslusão fácil de tirar pelo quadro em papel colado na primeira página. O quadro da Corrente de Leitura, uma espécie de Book Crossing criado por um grupo de professores.
Agora vou ter que passá-lo a alguém, mas antes, só dizer-vos que não podem passar ao lado desta história da vida feliz do jovem Esteban. Uma história contada na primeira pessoa que retrata desde o nascimento, na colômbia, até ao momento actual em que o escreve, já em Paris. O jovem Esteban, umas vezes mais feliz que outras, tem uma vida quase comum, e talvez por isso leve o leitor a identificar-se com alguns dos sentimentos. Mas tem uma vida comum cheia de histórias, que podiam ser as nossas, as dos nossos amigos...

Esta é pois a minha história. Talvez noutras vidas fosse possível encontrar factos mais memoráveis, mas esta que acabo de relatar é a que eu tive. A única que ainda tenho. Ninguém tem a obrigação de viver grandes vidas e dizem que, em todas, há um ou dois momentos que a justificam. Eu espero que seja assim, ainda que não esteja seguro de os ter encontrado.

Monday, September 25, 2006

Leituras XI: A Sombra do Vento...




A minha segunda leitura nas férias foi este fantástico, sim, fantástico livro de Carlos Ruis Zafon.

É um mistério literário que tendo como cenário a Barcelona ensombrada pela Guerra Civil Espanhola e pela 2ª Guerra Mundial, nos leva a mergulhar de cabeça nas várias histórias de amor, de encontros e desencontros, nas palavras do personagem central:Daniel Sempere.


Uma história que começa numa manhã de 1945, quando o pai o leva a descobrir o Cemitério dos Livros Esquecidos. Aí, de entre os milhares de livros guardados, esquecidos nas estantes, Daniel vai escolher ler aquele que irá mudar para sempre a sua vida: A Sombra do Vento mas esse, de Julian Cazar.

É um livro sobre um livro. Um daqueles que não conseguimos fechar, esquecer.

Não escrevo mais porque acho que seria uma crueldade para quem o quiser ler. Deixo só uma breve passagem:

Bea diz que a arte de ler está a morrer muito lentamente, que é um ritual íntimo, que um livro é um espelho e que só podemos encontrar nele o que já temos dentro, que ao ler aplicamos a mente e a alma, e que estes são bens cada dia mais escassos.

Tuesday, September 05, 2006

Leituras X: O Mistério da Cripta Assombrada...


...de Eduardo Mendoza.

Fui seduzida por este escritor catalão logo no primeiro livro que li dele, Uma Comédia Ligeira. Pouco tempo depois aventurei-me no Cidade dos Prodígios e, o por último deliciei-me com o A Aventura do Cabeleireiro de Senhoras, uma fantástica sátira à sociedade espanhola.
Mas desde esses três livros já passou muito tempo. Achei que era altura de voltar a ler Eduardo Mendoza e resolvi-me por este O Mistério da Cripta Assombrada.
Como sempre tem acontecido, perdi-me nas palavras deste escritor e fiquei viciada na história de um detective que acaba de sair de um manicómio e que nem detective é, e que ao longo da narrativa consegue meter-se nas situações mais improváveis, impensáveis mesmo.
Num colégio de freiras uma jovem de 14 anos desaparece misteriosamente sem deixar rasto. Reaparece, 2 dias depois, sem se conseguir lembrar de nada do que entretanto aconteceu. 6 anos depois desaparece outra rapariga, exactamente nas mesmas circunstâncias. Um doente mental, internado num manicómio, é forçado pelo comissário Flores e pela Madre Superiora do colégio a investigar o caso.
Este detective sem nome, é sem dúvida um herói atípico que conta as suas aventuras rocambolescas com um humor surpreendente.
Este é muitas vezes referido pelo autor como o livro que mais gostou de escrever. Foi o seu segundo livro e foi escrito, sem rascunho, sem investigação, numa semana de retiro no seu apartamento em NY.

Friday, July 14, 2006

Leituras VIII: Um amor feliz...




...de David Mourão Ferreira, está a ser um livro difícil de "digerir".

Passei anos, sem exagero, anos, à procura do momento ideal para conseguir ler este livro de que tantos falavam tão bem. Além de que tive aquela sensação de amor á primeira vista quando li o título. Tinha que escolher a altura ideal para ler este "amor feliz"... Encontrei essa altura, esse momento, há mais de um mês atrás e agora ando a evitá-lo, quase a fugir dele. Se está na mesa de cabeceira e eu estou no sofá, opto por tirar um livro da prateleira sob o ridiculo pretexto de que o outro está muito longe. Se vou para a praia, convençço-me de que aquele não é um livro que mereça ser lido na praia...
Mas a verade é que, depois de ter encontrado o momento perfeito, voltei a perdê-lo sem ter chegado à ultima página...

Friday, June 02, 2006

Leituras VII: Sou um escritor frustrado...


...de José Angel Manas foi um pequeno livro que comprei por 2,50€ na Feira do Livro e que acabei há pouco de ler, perdão, de devorar. Depois de ter fechado o Sputnik meu Amor, acho que na quarta feira à noite, resolvi procurar nas prateleiras "qualquer coisinha com que me entreter" e foi assim que, sem quaisquer expectativas me deixei surpreender por este pequeno grande livro.
É uma daquelas histórias surreais mesmo ao meu jeito. Gosto de histórias que me levem a pensar em sentimentos humanos e esta é sem dúvida uma delas. Mas os sentimentos explorados pelo autor espanhol (sei agora, depois de ter andado aqui na net à procura de um pouco mais sobre esta recente descoberta, que foi vencedor do conceituado Prémio Planeta) vão um pouco além daqueles a que estou habituada a conhecer através das páginas dos livros que leio.
A história segue os passos de J., um professor e crítico literário que não consegue escrever e que é esse tal escritor frustrado. A alma humana tem de facto muitos espaços secretos e J. vai mostrar que havia em si mesmo, muitos desses espaços que lhe eram desconhecidos ou, pelo menos, que estavam adormecidos.
A propósito deste livro lembrei um que li há algum tempo atrás que foi O contador de histórias de Jostein Gaarder. Falava também, se bem que num ritmo e tom completamente diferentes, sobre a pressão da escrita que se põe sobre os escritores, especialmente depois de um bom primeiro livro.
A pressão - pensei eu - de qualquer forma ou sobre qualquer acto, é sempre prejudicial. Mas a verdade - reflecti - é que também eu faço parte dessa pressão, eu e provavelmente todos nós que ansiamos por um novo livro deste ou daquele escritor.

Sunday, May 07, 2006

Leituras VI: The Kitchen Boy - Os últimos dias dos Romanov


Acabei de ler ler este livro e suspeito que tão cedo não vou conseguir esquecê-lo. Nem quero. Da história dos Romanov, sabia muito pouco, apenas que tinham sido a última família imperial russa e que tinham sido impiedosamente mortos na altura da revolução.
(re)Descobri que sabia tão pouco.
(re)Descobri que tanto mal tem sido feito em nome da mudança.
(re) Descobri que tantos desses males passaram impunes.

Bom, mas para além da história, o autor também tem mérito na escrita: Robert Alexandre capta a atenção do leitor de tal maneira que nem dei conta do passar do tempo nem do virar das páginas. De tal forma que à medida que chegava o fim eu lia um pouco mais devagar como que querendo mudar o fim desta história que não podia ser mudada porque afinal, a verdade é só uma.
Mesmo assim, o autor consegue surpreender.

Wednesday, April 26, 2006

Leituras V: O Duplo...

... de Fiodor Dostoievsky.

Estive a lê-lo no meu fim de semana prolongado. Apesar de ser um pequeno livro, ainda estou a tentar digeri-lo. A história de Goliádkin que enfrenta um usurpador da sua identidade, um duplo de si mesmo a quem o autor a certa altura chama de: Goliádkin Junior.
Goliádkin, pelo que me parece do pouco que li do autor, é semelhante aos outros "heróis" criados por Dostoievsky, encarnando o homem em revolta não apenas contra a sociedade - formas de agir, preconceitos, competitividade - mas também contra si próprio.
Disseram-me que este "O Duplo" é considerado um precurssor do género ficcional. De facto este livro absorve o leitor na mirabolante história de Goliádkin seguindo-lhe os passos e (porque não) as paranóias.
Confesso que gostei mas também confesso que vou ter que relê-lo.



"O Duplo" foi escrito por Dostoievsky aos 24, sendo um dos seus primeiros livros. Pelo que li foi escrito logo depois de "Gente Pobre".


Tuesday, April 18, 2006

Leituras IV: O Fio da Navalha

Aproveitei as férias para ler.

Li atentamente, no início mais devagar para conseguir entrar na escrita por vezes densa do autor, e depois com mais avidez, para tentar descobrir rapidamente os segredos que as páginas guardavam, "O Fio da Navalha" de Somerset Maugham. O livro foi um presente e foi um daqueles presentes que, desde logo, desconfiei que vinha com a intenção escondida de um dia ser tema de conversa, de discussão, de dissertação sobre as escolhas de Larry (o personagem central). Foi por isso que li este "O Fio da Navalha" não apenas com aquele prazer desprendido de quem quer perder-se por entre as páginas de um livro mas também com uma atenção redobrada de quem não quer perder um qualqer pormenor.
Pelo que li da sua biografia, este parece ter sido o último romance do autor, publicado em 1944. E de facto, o livro reflecte uma experiência de vida única, inigualável, só se pode escrever assim quando se sabe do que se fala. Porque ali não é só a narrativa, não são só os personagens, não é só a história que tem todos aqueles ingredientes que conseguem resultar na receita infalivel de nos prender da primeira à última página. É, para além disso tudo, uma lição e uma viagem sobre aquilo que todos buscamos: um sentido para a nossa existência, um conhecimento que queremos sentir, aquela certeza que queremos ter de que a nossa vida é plena. E queremos sentir essa certeza no mais profundo, no mais íntimo de nós mesmos, apesar de muitos não admitirmos ou, de muitas vezes procurarmos essa certeza de formas, por caminhos diferentes.
Mas nas páginas do livro seguimos vários personagens sendo que o Larry Darrel é sem dúvida o que mais nos conquista (a crítica escreve mesmo que este foi "O" personagem da vida de somerset maugham) mas a verdade é que Larry dá muitas vezes abertura para que os outros personagens possam brilhar. Quase como se Maugham estivesse a tentar mostrar ao leitor que não existe uma forma perfeita de existir. Porque todos somos bons e maus, por vezes ingénuos, por vezes cruéis mas todos somos humanos e todos temos as nossas razões.
O Larry desiste de tudo o que é material para poder procurar o espiritual. A Isabel não o faz, gosta do conforto e de manipular as situações. O Gray vive para venerar a Isabel e os seus sentimentos são tão simples que quase parecem não existir. Elliot que passa uma vida de aparência e ostentação revela uma bondade profunda. E tantos outros. Em comum têm o facto de não ser perfeitos. E essa foi para mim a lição do livro. Para vocês pode ser outra.

Friday, April 07, 2006

Leituras III: Bonjour Tristesse

No outro dia a Catarina perguntava-me sobre um livro, romance, que retratasse a adolescência de alguma forma. Lembrei-me de imediato do "Bonjour Tristesse" de Françoise Sagan, só depois dei comigo a tentar relembrar a história para tentar perceber qual ao certo essa ligação.
É um pequeno livro, daqueles que se lê de uma enfiada, que retrata um verão de uma pequena família algo atípica: o pai, um bon vivant; a filha, narradora da história, uma adolescente que parece que se sente num paralelo suspenso do tempo, em que acha que tudo o que faz é permitido e que não interefere com a vida dos outros; a amiga da família que era amiga da mãe que já morreu e que, de certa forma, substitui essa figura maternal; a namorada do pai, uma criatura insegura, que com o ar fútil e adocicado, apenas quer agradar.
O cenário, uma vivenda isolada na costa do mediterrâneo onde passam o verão. A época, um verão quente com os seus dias longos. A história, uma história que poderia ser um episódio da vida de qualquer um de nós...
Mas não se deixem iludir quando falo em "simplicidade". Esta é, de facto, uma história marcante, por vezes mesmo cruel e deperta em nós um medo até de um dia, tomarmos a decisão errada.
"E depois, um dia, foi o fim. Somente quanto estou na cama, de madrugada, com o único barulho dos carros em Paris, a minha memória, por vezes, me trai. Chega o Verão com todas as suas recordações. Bonjour Tristesse..."

Monday, April 03, 2006

Leituras II : Aconteceu na Argentina

A propósito do post anterior recordo um livro que li, "Aconteceu na Argentina" de Lawrence Thornton que ganhou em 1987 o Prémio Ernest Hemingway.

Não sei se conhecem a história da chamada Ditadura dos Generais que durante muitos anos fez com que a Argentina vivesse soterrada no terror. O livro mostra-nos, a cada virar de página, não apenas uma descrição desse terror vivido por tantos mas também, e sobretudo, as histórias de esperança, de não desistir que foram sobrevivendo ao passar dos dias, dos meses, dos anos…
É uma luta de sentimentos. Por um lado temos a visão de quem foi sequestrado, levado pelos generais, por outro temos a visão dos que ficam, que ora optam por ir atrás, por protestar (passando muitas vezes a serem eles os sequestrados) e oram optam por se render ao silêncio do sofrimento. Porque não há sofrimento maior do que aquele vivido, sentido em silêncio.
Depois, é ver a sucessão de cenas, quase imagens fotográficas que passam à frente dos nossos olhos, de leitores, graças à capacidade descritiva de Lawrence Thornton. Imagens que às vezes são marcantes, incisivas, como películas antigas que nos levam a ser uma presença oculta, que não se vê mas que se sente, numa qualquer sala de tortura, onde os cabos eléctricos perpetuam choques constantes nos corpos nus daqueles homens, daquelas mulheres.

A Argentina ainda hoje reflecte muito isso, apesar de terem passado tantos anos (a ditaura dos generais na argentina ocorreu durante as décadas de 60/70). Todas as quintas feiras, algumas das "Mães de Maio" vão manifestar-se na praça em frente à Casa Rosada num protesto silencioso pelos filhos, maridos que perderam. Já o faziam durante a Ditadura, empunhando cartazes com os nomes, fotografias dos que tinham perdido mas ainda guradavam esperança de rever. Na maior parte dos casos isso não voltou a acontecer.