Friday, June 30, 2006

As vidas em nós...

Hoje, a propósito de uma conversa com uma amiga, dei por mim a repensar a questão dos objectivos que propomos para a nossa vida como se vivessemos atrás de uma cenoura, que vamos ambicionando com cores, tamanhos, formas diferentes, de acordo com o ponto do percuso em que estamos.
Crescemos a querer a atenção dos nossos pais, para depois passarmos a querer antes dar a nossa atenção os brinquedos que mais nos entretêm. Crescemos um pouco mais e começamos a achar-nos senhores dos nossos narizes, brincamos na escola, tentamos driblar os pais com aquelas manhas que achamos que só nós, crianças entendemos. Vamos para o liceu e pensamos que - agora sim - a vida vai começar e fingimos que não passámos pela infância e pré adolescência, até porque essas são as crianças a anos luz de distância de nós. Experimentamos a nossa primeira cerveja, o nosso primeiro cigarro - para alguns de nós o princípio de um vício, que 10, 20 anos depois vamos tentar desesperadamente deixar, vamos até talvez pagar alguém para nos ajudar a fazer isso. Saimos do liceu - com uma sorte tremenda e alguma sabedoria - e vamos para a Universidade, provavelmente para longe de casa, sair debaixo da asa das nossas mães e para longe da vista dos nossos pais. Aprendemos que ser gente não é fumar um cigarro ou apanhar uma bebedeira com os amigos, ser gente não é sair à noite e ficar até tarde, ser gente não é andar no carro do amigo mais velho. Começamos a perceber que é preciso pensarmos com a nossa cabeça, começamos a compreender que a nossa vida, à execepção de alguns acasos da sorte, depende de nós mesmos e de mais ninguém. Fazemos amizades para a vida na universidade e traçamos um rumo para nós, fazemos planos para o futuro que cada vez nos parece mais próximo, mais capaz de nos apanhar.
Entramos no mercado de trabalho e somos logo confrontados com uma nova lição: não podemos mudar o mundo. Alguns de nós aprendem-na, outros vivem inconformados.
Vivemos, sobrevivemos....Alguns morrem.

Thursday, June 29, 2006

Mais uma boa recordação



Quem não chorou no filme do ET não é deste planeta!! (quem não viu, ainda menos...)

Qualquer parecença é pura coincidência...


Durante a estada na Disney, o que mais maravilhou o meu filho foram as bruxas e os piratas... verdadeiramente estasiado, andamos 2 vezes no passeio da bruxa da branca de neve e no barco dos piratas, ambos muito escuros e assustadores, com um sinal à frente da indicação do mapa, dizendo que podia assustar pessoas mais sensíveis... qual carrocel ou bonequinho engraçado... ainda hoje, todos os dias, o Martim fala da bruxa e do pirata como se fossem ídolos... será que toda esta atracção foi por achar alguma semelhança com o pessoal cá de casa? aliviado terá pensado "ufa, afinal não são os únicos...", ou "que engraçado terem posto os meus pais num divertimento na disney?". Prefiro pensar que o martim é um menino muito corajoso, que gosta de emoções fortes e cansado de tanto peluchinho amoroso terá ficado contente por encontrar o reverso da medalha e que o facto de ter gostado só demontra que se sente seguro e forte, capaz de enfrentar qualquer inimigo... mas, mesmo assim fica a dúvida... caso contrário, oferecemo-nos como elenco para a sequela da "família Addams"...

Mais rápido que a própria sombra...


...enquanto o diabo esfregou um olho, o lucky luke voltou.
Gosto de jornais assim. Às 4ªs, com o Público. Começou ontem com "A diligência".
Estão à espera de quê?

Wednesday, June 28, 2006

Voltámos sãos e salvos!!!


Aqui estamos de volta sãos e salvos, de regresso da EuroDisney!! Vencemos bruxas, dragões, piratas, fantasmas, animais selvagens, mas sobrevivemos!! valentes como somos conseguimos não perder a criança, não sermos raptados e não voltar traumatizados!! (tal como diziam as previsões) Somos mesmo incriveis!! próximo destino: Iraque!! (talvez lá seja mais fácil encontrar sopa do que na Disney...)

Snoopy



Voltando às imagens da nossa infância... quem não se lembra do Snoopy? canetas com o Snoopy, borrachas com o Snoopy, papel de carta do Snoopy... Volta, estás perdoado!!!

Para a lenca matar saudades!

A lenca disse num post anterior que tinha saudades do Winnie the Poooh... pois bem... NÓS VIMOS O WIINIE AO VIVO!! caso não se perceba ele está a mandar um beijinho para ti, Lenca e a dizer que também tem saudades tuas! Vai vê-lo mais vezes!!O Martim estava a comentar que não imaginava que o Winnie fosse tão grande...

Tuesday, June 27, 2006

Parabéns filhote!



No passado dia 25, meu filhotinho fez 2 anos!! Em termos técnicos significa que já passou a primeira infância, está agora a entrar na segunda infância, ou seja, já não é um bebé, mas uma criança! Para nós (os grandes) 2 anos são uma gotinha de água na nossa vida e passam num instante. Para o Martim, nestes ultimos 2 anos ele nasceu, abriu os olhos, mamou, sorriu pela primeira vez, descobriu que neste mundo havia coisas bonitas como musica, brinquedos, sol, água, comida pastosa e mais tarde comida sólida, sapatos, chocolates, aviões, praia, frio, calor, bolas, carros, cobertores quentinhos, chuchas, chocapics, gelados, beijinhos, computadores, DVDs, histórias, leões, elefantes e outros animais e ultimamente martelos, piratas, fadas, princesas e que o papá dava "tau-tau" nas bruxas por isso ele não tem medo... descobriu principalmente que era amado por muitos, por isso sente-se o "rei" da casa. Aprendeu com a vida que há alegrias, tristezas, zangas, frustrações, "dói-dóis", que nem sempre os adultos o compreendem e que não podem estar sempre com ele. Descobriu que há amigos, bebés e "grandes". Conseguiu virar-se, gatinhar, andar e agora correr e trepar, joga futebol, faz cara de sedução para conseguir o que quer e finge-se surdo quando o assunto não interessa. Sabe que há maus (os tubarões, os fantasmas, as bruxas e os piratas), sabe o que é uma pistola e que os maus são sempre feios. Sabe dançar, cantar, já foi ao concerto da Maria Betânia. Em bebé dormia a dançar ao colo 0 "haja o que houver" dos Madredeus. Dança rap, toca tambor. Grita "Portugal" quando vê uma bandeira e bate palmas ao "golo da bola".
Parece que foi ontem que saimos do hospital e o meu Martim já viveu tanto! Parabéns Martim! Há dois anos que transformas o meu dia-a-dia numa festa constante, sempre com tantas coisas boa para comemorar!

Promessas vãs...

Para onde vão as promessas que tantas vezes fazemos?

Monday, June 26, 2006

É oficial...

...eu declaro guerra aos galos!

E nem me venham com a história de que bom que é ouvir os sons da natureza.
Sabem aquela história de que o galo é madrugador e canta o despertar? Puro mito. Este galo, canta às hora de que lhe dá na telha. Seja às 6 da tarde, às 2 da manhã ou às 6. É uma questão de lhe apetecer. E depois a única coisa que me resta é ter repetidamente o mesmo sonho: de que tenho um galo na almofada do lado à espera que eu adormeça para logo mandar um satisfeito cacarejo no meu ouvido.

Friday, June 23, 2006

Tell me quando quando quando....and then darling tell me when...

NY, Janeiro de 2005 - Vista do Empire State Building

Thursday, June 22, 2006

Especificidades...

Se é madeirense e, perante um, Olá tudo bem, responde, sim, é sinal de que está na ilha errada. Verdade verdadeira. É que é impossível. Essa espécie naõ existe, a não ser que seja um madeirense tresmalhado.
Imagine o que é, ir na rua, na hora de almoço, algo apressada e encontra aquele antigo colega de trabalho e entre os dois beijinhos da cerimónia acaba por peguntar - Então, tudo bem? - ao que ele responde, encolhendo os ombros, - ah...mais ou menos- e é então que a vida continua porque aquela paragem foi uma daquelas, paro, não paro? - Pois, bom, então até à próxima!!
Isso ou ir ao banco, onde está o senhor que nos atende sempre, que sabemos o primeiro nome dele a muito custo de memória e porque até nos dá jeito e peguntamos enquanto ele vai fazendo no computador o que pedimos - Então Sr. Orlando, tudo bem? - ao que ele responde sem sequer tirar os olhos do ecrão - Humm...não, nem por isso.
Mas na verdade estas pessoas não fazem a mínima intenção de contar o que lhes corre mal, provavlemente porque na maioria dos casos nem elas sabem bem. É genético. Há para ali uma célula qualquer que os impede de dizer: Sim tudo bem, mesmo que esteja a passar um drama. Porque convenhamos nós quando perguntamos também não queremos propriamente saber o que se passa de mal. É a perguntinha de fingir, tipo a do tempo. É mesmo mais para encher a conversa.
É especificidade da ilha. Deve ser da humidade.

Toda a gente sabe que...

...o mês de Junho é o mês do sono.

E saltamos todos de contentamento porque quando temos que fazer aquela conversazinha de circunstância para a qual tentamos sempre novas formas de abordar o mesmo tema - o tempo - ganhamos um novo fôlego! Respiramos de alívio e enganamos a consciência porque durante este mês, são 30 dias inteirinhos, podemos efectivamente falar do tempo em conversa de circunstância mas com um bom motivo, de facto o tempo intromete-se com a nossa disposição neste mês de Junho. Sirva-nos de consolo a chegada do mês de Julho e a esperança de um céu azul...

Wednesday, June 21, 2006

Mah na mah na....tu tu ru ru....


....mah na mah na....tu tu ru ru....

Tuesday, June 20, 2006

Relativizar?...

...para mim um pequeno momento de puro prazer pode ser o tédio de alguém. Para mim saciar a fome é comer com os olhos um prato elaborado ao ritmo de um bom chef enquanto que para um sem abrigo, matar a fome passa por ingerir qualquer coisa comestível independentemente do prazo de validade. Para mim, nostalgia passa pela solidão, para um idoso, só na sua casa, a solidão é o seu dia a dia. Para mim, o segredo de cura de uma neura passa por cometer uma extravagância que me faça sentir bonita para mim mesma, para um reformado a palavra neura nem existe nem tem preço.
Às vezes tenho a sensação de que passo mais de metade da minha vida a fugir da outra realidade, desse mundo paralelo ao meu onde os problemas não passam por adormecer com fome, nem por ter sequer um lugar para poder adormecer.
Mas quando me deparo com esse outro mundo custa encará-lo. E obrigo-me a pensar no que deve custar, por exemplo, para referir apenas um, viver uma vida inteira para depois passar os últimos anos da sua vida na rua - a depender das indiferentes moedas de quem tem tecto, comida quente na mesa e cujos problemas passam pela escolha da cor do carro e de onde hão de ir nas próximas férias - para depois, num Inverno mais rigoroso, morrer num canto, numa rua, sem que ninguém dê pela sua falta, sem que ninguém repare no seu corpo.

Monday, June 19, 2006

Paciência..

...tem limites e eu desde muito cedo soube quais eram os meus. Não sou, por natureza, uma pessoa com muita paciência por isso, dar explicações de inglês a uma criança - algo insolente - de 12 anos pode ser uma tarefa muito ingrata.
Gosto muito da palavra: insolente. Era o que o meu pai me dizia quando eu era mais nova. Bastava um Não sejas insolente para me reduzir à minha insignificância. Já tentei utilizar essa táctica com a criança de 12 anos mas a verdade é que não surtiu grandes efeitos. Não sei se por não saber o que significa ou se por ser, de facto, insolente.
Adiante que este não é um post terapêutico. No outro dia falava de adolescência mas a verdade é que esta infância tardia ou pré-adolescência pode ser também muito complicada. Ouvem-nos mas, mal viramos as costas, já nos estão a revirar os olhos e sabe-se lá mais que gestos fazem, num perfeito demonstrar de desdém para com a nossa, pensamos nós que certa, autoridade. Depois tentamos de tudo para (re) estabelecer essa dita autoridade, ordem ou lá o que seja desde que nos permita quebrar a barreira que, físicamente é quase imperceptível mas que, na verdade, está quase tão distante como a linha do horizonte.
Tentamos fazê-lo ora com falinhas mansas, ora com palavras mais duras. Por vezes, há que admiti-lo, tentamos fazê-lo recorrendo a uma boa palmada, a um forte puxão de orelhas ou a uns gritos esganiçados que quando nos chegam aos nossos próprios ouvidos nos fazem pensar Mas isto sou eu ??
É muito difícil, não há receitas exactas do tipo, Tempero Q.B. vai ao forno a 200º e serve quente, receitas dessas só mesmo com comida é que resultam e, mesmo assim é preciso ter olho e instinto. Quanto mais fará com crianças.
Deixam-se influenciar por tudo: séries de televisão, sites de internet, gangs de rua, de escola....tudo é passível de lhes servir de inspiração para uma qualquer acção, perfeitamente normal e aceitável aos seus olhos. O que será que acontece nesse espaço suspenso de acção? Entre o que eles vêem e o que nós vemos? Porque são visões tão diferentes que parece que são separadas por barreiras invisíveis de língua. Como se de um lado se falasse mandarim e de outro hebraico.
Vida difícil a nossa. E a deles também.
Mas sobretudo a minha que tenho que voltar à minha explicação.
Mas vou mais leve, quase como se ao escrever, se me aliviasse a alma...

Como será?...


Para quem não sabe, uma breve nota introdutória só para explicar que o Site Meter é uma ferramenta utilizada por muitos blogs que, para além de permitir saber quantas visitas vieram ao nosso site, permite-nos também saber, por exemplo, por onde entraram. Ou seja, se vieram através de uma referência num outro site ou se vieram cá dar por uma pesquisa na Internet.
Muitas vezes dou por mim a rir sozinha a pensar na decepção de alguns destes pesquisadores que, a tentarem descobrir mais sobre "receitas dos caramelos de fruta da penha", "acasalamento de peixes ", "nova lei do arrendamento", "eurodisney" ou "frases marcantes de O fio da Navalha de Sommerset Maugham" acabam por vir bater aqui ao Ler Devagar cujos textos de opinião ou de comparações ou metáforas a aludir a essas expressões, dificilmente poderão esclarecer ou, tecnicamente, ensinar algo.
Ontem à noite, consumida por uma insónia mas sem clareza de raciocínio suficiente para escrever um post, resolvi chamar o sono analisando algumas das pesquisas que deram como resultado o nosso Blog. Se isto fosse uma questão de prémio, não teria quaisquer dúvida em atribuir o primeiro lugar do pódio ao "Como os homens gostam que as mulheres se depilem". Precisamente. Ipsis Verbis. Sem tirar nem pôr. Já meio ensonada, esfreguei os olhos e acho até que despertei um pouco para voltar a ler a frase da pesquisa. E nem hesitei em ir à página de resultados do google ver se ela teria tido mais sorte com os outros resultados. Assim muito por alto posso contar-vos que penso que não, penso que nenhum daqueles links lhe dariam a resposta para um "depile-se assim que é como eles gostam". Mas depois pensei comigo mesma de q´ raios de resposta estaria ela à espera??
Êta como Múlhér sófri...Eu héin...

Wednesday, June 14, 2006

Companheiros de mesa corrida...

Nestes dias em que estou numa realidade diária diferente daquela a que estou habituada, tenho vindo a um cibercafe abastecer-me de contactos diários, confirmações de e-mails e leituras vagarosas aqui no blog. Nestes dias, cruzo-me com todo o tipo de pessoas nestas mesas corridas, num espaço diminuto na cave de um shopping centre.
As pessoas que me rodeiam, não o digo arrogantemente, mas são, invariavelmente estranhas. Desde a senhora do cafe em frente que, nestes dias, me dá um papelinho onde escrevinha a hora de entrada, aos próprios cibernautas. Às vezes quando peço o dito papelinho à senhora penso no que pensará ela que eu faço aqui, nestes dias sempre mais ou menos à mesma hora. Até me pus a fazer considerações sobre o que ela pensaria de mim. Aora me apercebo de que ela não deve pensar nada de especial sobre mim porque deve estar demasiado ocupada a pensar sobre os meus companheiros de mesa corrida.
Do meu lado esquerdo tenho um senhor, avalio que pelos seus 30´s que fala freneticamente no messenger. Como este é um ciber café, os computadores onde estamos estão equipados com webcams. O senhor e a rapariga tagarelam animadamente. Não vos consigo dizer se a rapariga está com um ar divertido porque, apesar de eu ter um óptimo angulo de visão sobre o ecrã, a rapariga apenas mostra para a imagem o seu generoso decote. O senhor usa aliança, está vestido com fato e gravata e são 16h00.
Do meu lado direito, também com uma aliança, está um senhor já com um ar mais casual, um pouco mais velho, penso qe deverá andar à volta dos 40 anos e está, desde que eu aqui cheguei a abrir PPoints com mulheres semi despidas.
De facto a senhora do café não tem motivos para reparar em mim, a não ser pela estranheza que posso causar por estar a escrever freneticamente, não para uma caixa de conversação mas para uma caixa branca, despida, é certo, deste power blog.

Monday, June 12, 2006

Sabe bem...

...um dia de calor quando ha uma brisa fresca no ar. Um fim de tarde numa espregui;adeira a beira mar com um gin tonico. Um banco a sombra de uma arvore num dia de ceu azul depois de um passeio por uma cidade que se esta a descobrir. Uma lareira numa tarde de Inverno. Um jogo com os amigos. Um acordar sem pressas. Ler um poema que diz o que sentimos. A nossa musica preferida a passar na radio. Um presente inesperado. Um elogio de nos fazer corar sobre aquilo que achamos que ninguem nunca tinha reparado. Um gelado num dia Outono. Nadar. Um beijo roubado. Uma conversa de memorias. Relembrar um momento suspenso no tempo. Uma sesta. Um livro que surpreende. Um filme com uma fotografia que nos leva a viajar no ecra. Fazer uma surpresa a alguem. Gostar de alguem. Gostarem de nos. Fazer alguem feliz. Ser feliz...

Friday, June 09, 2006

Sinais exteriores de loucura...

...Ainda agora ia na rua, no frenesim que é tipico de quem quer fazer tudo ao mesmo tempo em contra relógio e parei para falar a uma senhora que me cumprimentou. Dei-lhe os dois simpáticos beijinhos da praxe e segui o meu caminho depois do típico, Olá como está? Tudo bem, ainda bem. Então adeusinho. Só depois caí em mim que não conhecia a senhora de lado nenhum ou se conheço, não me lembro de onde.

Thursday, June 08, 2006

World Press Photo 2005...


World Press Photo of the Year 2005. Finbarr O´Reilley fotógrafo canadiano que captou a imagem de uma mãe que leva o seu filho de um ano a um Centro de Alimentação na Nigéria

Esta imagem, uma das minhas favoritas, ganhou o primeio prémio na categoria de histórias em People on the News. Foi tirada pelo norte americano Todd Heisler e retrata o regresso a casa de um soldado morto no Iraque. A história, um conjunto de 11 fotografias acompanha o regresso sempre sob o olhar atento da viúva.



O WPP faz este ano pela primeira vez, a sua estreia em Portugal, aqui na cidade do Funchal. As imagens são, como sempre, tão reais que quase sentimos os sentimentos retratados. Mas o melhor é mesmo passarem pelo Salão Nobre do Teatro Municipal Baltazar Dias para tirarem a prova dos nove. Façam-no até dia 2 de Julho porque depois a Exposição segue para outras cidades.


Para conhecerem estas e outras histórias e imagens vencedoras desta e de outras edições basta visitarem o site.

Tuesday, June 06, 2006

Lei de arrendamento de espaço interno


A partir dos comentários feitos pela Lenca ao post "saudade", quero partilhar aqui a ideia que isto de trazermos as pessoas importantes connosco no nosso coração é muito bonito, mas pouco prático. isto porque há pessoas com as quais podemos ter um grande envolvimento emocional (o que equivale a uma grande ocupação interna), mas não serem merecedoras desse espaço. Um pouco como os inclinos: alugamos o espaço, às vezes resulta, às vezes estamos desejando vermo-nos livres deles e não há maneira. Assim, devia haver também uma lei interna contra estes "intrusos". Essa lei devia prever que pessoas que dão menos do que recebem, logo, não dão lucro, recebiam de imediato um ultimato a avisar que ou passavam a "produzir" mais ou seriam despejados. Pessoas que não cuidam bem do espaço, deixando-o a "apodrecer", eram imediatamente despejadas, de preferência com um pontapé no traseiro. Claro que aquelas pessoas que já não podemos ver à frente deixavam imediatamente de ter direito ao espaço, sem direito a indeminização, aviso prévio ou coisas do género. Lógicamente, a nova lei que prevê que os inclinos possam comprar o espaço após algum tempo estaria completamente posta de parte!! Desta forma evitariamos ter o "espaço" cheio com pessoas que não interessam, que nos fazem mal, que "estragam" o ambiente e principalmente, que ocupam um lugar que poderia estar a ser ocupado por alguém melhor... Sim, porque por mais elástico que seja, até coração tem limites!

Adolescência?...


É recorrente ouvirmos falar com nostalgia e saudade dos tempos de infância, recordar episódios com piada, brincadeiras inconsequentes, palavras engraçadas. Menos comum é recordarmos a adolescência como se essa fosse uma fase pela qual tivemos que passar à pressa numa tentativa de sobreviver e conseguir ultrapassá-la com o mínimo de mazelas possível.
Lembrei-me disto a propósito de um blog onde fui bater sem bem saber como, de uma adolescente que, em 3 posts descreve, sem saber, a adolescência de forma simples. Sem artifícios. É a adolescência de que nos esquecemos quando passamos a adultos. Ler aqueles 3 pequenos textos fez-me voltar atrás no tempo e recordar de como foi difícil a minha adolescência. Difícil porque tive que fazer tantas escolhas entre tantas possibilidades, escolhas que vieram a fazer de mim a adulta que sou hoje. Algumas dessas escolhas fi-las conscientemente mas, muitas delas, foram acasos, fruto da sorte, fruto da companhia num dado momento. Porque também é uma variável fundamental nesta equação, os bons amigos nem sempre são fáceis de encontrar. Mas não me recordo de ter tomado alguma decisão fruto de um conselho dos pais porque na adolescência nós achamos que sabemos tudo muito melhor do que eles, como se achássemos que eles nasceram assim: adultos. O blog da adolescente, a sentir-se sozinha, desamparada e sem ninguém a quem recorrer, lembrou-me de mim e deixei um comentário a dizer isso mesmo e a tentar transmitir-lhe o que eu achei que eu gostaria de ter ouvido, no lugar dela. Só depois de vê-lo, ali, escrito no ecrã, percebi que não estava a fazer mais do que o que um dia fizeram comigo, percebi que ela quando o lesse ia pensar que uma adulta nunca poderá entendê-la. E fiquei triste por um lado, porque percebi que não havia nada que eu pudesse fazer, que é ela quem tem que escolher o caminho que vai seguir porque na adolescência é assim, não seguimos indicações, trilhamos o rumo. Mas, confesso, fiquei egoistamente satisfeita porque me apercebi que consegui trilhar esse rumo para mim. Não foi nem é o rumo perfeito mas é o meu rumo, maravilhosamente imperfeito.

Enganar a consciência...

...comprando pezinhos de macela (para quem não sabe, é como se diz camomila em madeirense).

A nossa consciência tem o condão de nos surpreender nas alturas mais inusitadas, a minha então parece que nasceu para isso, como se se escondesse à espreita, à espra de um deslize meu para me surpreender. Às vezes até acho que a minha consciência tem, pelo menos pés e braços, pois posso quase jurar que sinto as pontas dos seus sapatos a martelar na minha cabeça ao mesmo tempo que visualizo os seus braços cruzados em jeito de, tch tch tch.

Sunday, June 04, 2006

saudades?


Podemos ter saudades de quem não gostamos? De alguém que nos fez sofrer? Será masoquismo? Ou sinal que ainda gostamos? Ódio e amor andam mesmo de mãos dadas? O que os separa? E a saudade? Podemos ter saudades de um tempo que não queremos voltar? De alguém que não queremos encontrar? (tantas duvidas para um domingo à noite...)

A Curiosidade deu bons frutos

vi um comentário de alguém com quem me identifiquei e segui os seus "passos" até dois blogs muito interessantes. Aqui ficam as moradas: http://deambulando-no-sentir.blogspot.com/ e http://csa-averdadeandaasolta.blogspot.com/

O meu reino...

Vulcano Arenal, Costa Rica - Novembro 2005

... por uma ida ao mundo do fim do mundo.
Quando vamos, ansiamos pela chegada ao destino, quando lá estamos bate a saudade de casa, quando voltamos e verificamos que afinal até está tudo na mesma queremos partir novamente. Insatisfeitos por natureza.

Saturday, June 03, 2006

Já não se pode com V...


...pessoas que falam entredentes.
É daquelas coisas que tem a capacidade de me tirar, não só do sério mas de mim mesma.

Aqueles momentos em que depois de uma troca de palavras o interlocutor vira as costas e acompanha esse movimento, não com uma reflexão mas com um murmurar entredentes de alguma coisa que achou que ficou por dizer no diálogo.
A questão que me levou a reflectir sobre este assunto em especial foi: porque é que os murmuradores entredentes resolvem falar apenas nessa altura e não um pouco antes quando existe ainda, de facto, um diálogo?
A única conclusão a que consigo chegar é que estes murmuradores entredentes têm noção, lá bem no fundo, de que não têm argumentos válidos, caso contrário de bom grado abririam a boca para que as palavras saissem alto e em bom som...
Faz-me lembrar o Mutley...mas o Mutley sempre ria entredentes também. Sempre tinha mais graça.

Friday, June 02, 2006

Associação de defesa do lobo mau!

Ainda no espírito dos lobos e das bruxas (agora vão ter de aturar estes meus pensamentos até eu regressar da Disney), li há tempos numa revista que alguns infantários modernos andavam a retirar ou a "melhorar a imagem" dos lobos maus, madrastas, bruxas e personagens afins, para não traumatizar as criancinhas, dando-lhes a ilusão de um mundo cor-de-rosa, onde não há agressividade, violência, inveja, etc. Talvez o lobo passe a cãozinho e a bruxa arrependa-se das suas maldades e vá fazer trabalho comunitário. E depois? Onde vamos "arrecadar" os sentimentos menos bons? Como vão as criancinhas elaborar a maldade, a agressão, o bom e o mau? Serão sentimentos desconhecidos para elas? Serão vistos como algo que toda a gente sabe que existe, mas não devemos mostrar? Não sentirão elas (e nós) que há coisas tão más em todos nós, mas que o mundo não está preparado para as receber, logo, temos de esconder como se de um segredo se tratasse? Seremos todos "patetas-alegres" a negar o mal e com um sorriso postiço na cara, porque é isso que todos querem ver? Todas as crianças choram ao ver o Bambi... não será isso útil para pensarem sobre a perda, sobre a finitude de todos nós, ou queremos dar-lhes a ilusão omnipotente que vivemos no paraíso, que somos imortais? Talvez chorando pelo Bambi estejam a preparar-se para as perdas reais...
Depois o paradoxo é que temos todos os canais ligados e TV no quarto das criancinhas, com acesso a todos os canais. Todas elas sabem o que é a pedofilia, o terrorismo, o risco de sermos assaltados na rua, violados, etc. (e ainda bem que sabem... mas essa informação, sim, podia ser mais suavizada)... então, no meio disto tudo, porque vamos "amaricar" o lobo mau? Quem vai depois povoar os pesadelos dos nossos filhos? O Bin Laden? o Bibi? Será que quando gostamos da história da branca de neve não é porque um dia percebemos que as mães não são perfeitas e há em todos nós um pouco de "madrasta"? Isso ensina-nos a viver com a ambivalência, com os defeitos e qualidades de cada um. Quando odiamos as manas da cinderela, não estamos a descarregar a rivalidade fraterna? As histórias têm de fabuloso juntarem a fantasia comum aos nossos fantasmas mais escondidos e aí poderem ser pensados e elaborados.
Assim, venho aqui exprimir a minha posição de defensora do lobo mau e vilões afins, porque o mundo sem eles não teria tanta piada e dão uma ajuda enorme a aceitarmos a maldade, a zanga, a inveja, a perda e a tristeza que há em todos nós e no mundo em geral.
E VIVA O LOBO!!
PS - Nãos sei se sabem mas a música do "atirei o pau ao gato" já vai em "atirei o pão ao gato, mas o gato não comeu"... Nunca vos apeteceu atirar um pau a alguém? Enquanto pensarmos no gato, não nos sentimos muito culpados... Daqui a uns temos as criancinham a cantarem que atiraram o pão ao gato e depois inventam uma nova quadra em que atiraram o pau ao pai... ou à professora... além disso, como é feio desperdiçar comida, atirar o pão ao gato também não me parece muito bem, porque há meninos a morrer de fome...

Leituras VII: Sou um escritor frustrado...


...de José Angel Manas foi um pequeno livro que comprei por 2,50€ na Feira do Livro e que acabei há pouco de ler, perdão, de devorar. Depois de ter fechado o Sputnik meu Amor, acho que na quarta feira à noite, resolvi procurar nas prateleiras "qualquer coisinha com que me entreter" e foi assim que, sem quaisquer expectativas me deixei surpreender por este pequeno grande livro.
É uma daquelas histórias surreais mesmo ao meu jeito. Gosto de histórias que me levem a pensar em sentimentos humanos e esta é sem dúvida uma delas. Mas os sentimentos explorados pelo autor espanhol (sei agora, depois de ter andado aqui na net à procura de um pouco mais sobre esta recente descoberta, que foi vencedor do conceituado Prémio Planeta) vão um pouco além daqueles a que estou habituada a conhecer através das páginas dos livros que leio.
A história segue os passos de J., um professor e crítico literário que não consegue escrever e que é esse tal escritor frustrado. A alma humana tem de facto muitos espaços secretos e J. vai mostrar que havia em si mesmo, muitos desses espaços que lhe eram desconhecidos ou, pelo menos, que estavam adormecidos.
A propósito deste livro lembrei um que li há algum tempo atrás que foi O contador de histórias de Jostein Gaarder. Falava também, se bem que num ritmo e tom completamente diferentes, sobre a pressão da escrita que se põe sobre os escritores, especialmente depois de um bom primeiro livro.
A pressão - pensei eu - de qualquer forma ou sobre qualquer acto, é sempre prejudicial. Mas a verdade - reflecti - é que também eu faço parte dessa pressão, eu e provavelmente todos nós que ansiamos por um novo livro deste ou daquele escritor.

EuroDisney e bruxas anexas

Faltam menos de 15 dias para partir de férias para a EuroDisney! 5 dias inteiros no parque, para vivermos completamente a "magia Disney". Com todo o entusiasmo (de quem já lá esteve e está desejando partilhar com o mais novo membro da família a experiência), temos andado a anunciar a toda a gente (e agora também a vocês, para não se sentirem postos de parte). Curioso é que a reacção das pessoas não é das melhores. Aqui vai a lista de comentários "malévolos", que já que estou no espírito, lembram um pouco a "prenda" amiga da bruxa da bela adormecida que não foi convivada para a festa: "ele é tão novo... não vai achar piada nenhuma!", "vai ter medo de todos os bonecos", "vão perdê-lo na confusão", "vão estar horas nas filas", "para quê levá-lo já, se ele vai-se esquecer do que viu?"... depois há os comentários mais persecutórios: "A EuroDisney é um lugar de preferência dos raptores, pedófilos e afins, que chegam a mascarar-se de bonequinhos para levar as criancinhas!". Perante estes comentários, tentamos argumentar, mas pelo sim pelo não já levamos uma "trela" e um sistema de identificação da criança (onde não vamos por o nome, para os raptores não terem como chamar a criança...).
Estive a pensar: se fossemos para Timor, Afeganistão, Iraque, etc. será que recebiamos tantos "avisos"? gente, é a EuroDisney, não o fim do mundo! Há gente que cria filhos em paises do terceiro mundo!
Explicação encontrada: é trauma de infância! houve um recalcamento das bruxas, lobos e outros vilões, que reaparecem agora, na idade adulta. O que as pessoas querem dizer é: "se a branca de neve, tão linda e que cantava tão bem, a madrasta envenenou, não podemos confiar na comida feita por lá", ou "se os três porquinhos a lutar em pleno processo de autonomização, trabalhadores, a construir com as suas próprias mãos a casinha para viverem, iam sendo apanhados pelo lobo, atenção, que ele aparece quando menos esperamos!" ou ainda "atenção, não larguem as crianças, porque o capitão gancho quer os meninos perdidos"!
Cá por mim, não há lobo mau ou bruxa malvada que me assuste... aprendi que não é preciso irmos ao país da fantasia para os encontrarmos... estão muitas vezes bem ao nosso lado...
Vá lá! Não agoirem as nossas férias, senão da próxima vez que forem de férias para a praia vou lembrar os afogamentos, os mosquitos, águas-vivas, tubarões, arrastões, escaldões, cancro da pele, etc. (há, há... a vingança não tarda!!! Boas Férias para vocês também!!)

Feliz dia à criança que há dentro de nós!


Claro que não podiamos deixar em branco este dia (apesar de estar a escrever com um dia de atraso...)! Como hoje não estou muito inspirada, deixo um poema de que gosto muito e faço votos para que a criança que há dentro de cada um de vocês estaja de boa saúde!

O segredo é a própria infância
Cada um de nós vive a sua infância com maior ou menor emoção,
com ternura ou decepção lamentativa.
Cada um de nós tem uma motivação particular para se interessar pelas crianças
Cada um de nós adere, de acordo com as vivências do passado,
a uma ideologia colectiva de ineteresse pela pessoa
e pela personagem da criança.
Os adultos podem desprezar, detestar, amar ou venerar a criança,
mas a nenhum adulto a criança pode ser indiferente.
Não se pode ser indiferente nem à própria infância,
nem à infância dos outros.
Cada um de nós vive com a sua própria experiência infantil.
Cada um de nós aprendeu a guardar para si
certas emoções, decepções ou humilhações.
Cada pessoa guarda um segredo
O segredo do homem é a própria infância.
João dos Santos

Thursday, June 01, 2006

Não podíamos deixar passar em branco...


...um dia tão colorido como este!
Feliz dia da Criança, para todos nós!