Sunday, January 07, 2007

Leituras XIV: Império à deriva....


...de Patrick Wilcken retrata a história da corte portuguesa no Rio de Janeiro entre 1808 e 1821.


Não é um romance mas cativa, prende a atenção como se o enredo fosse ficcional e surpreendente. Bom, surpreendente até é porque, apesar de ter umas luzes sobre esta fuga em massa da corte portuguesa para o Brasil não fazia ideia que tinham sido mais de 10 000 pessoas - entre aristocratas, ministros, sacerdotes e criados - a embarcar às pressas de Lisboa nas frágeis embarcações da frota portuguesa, deixando para trás toda uma vida, dispostos a começar de novo do outro lado do Atlântico, onde pretendiam sedear o Reino Português.
Sob escolta Britânica e fugindo a sete pés de Napoleão, lá embarcaram com parcas provisões, chegando a equacionar "parar para abastecer no Reino Unido" - ali mesmo na rota. Depois é toda uma série de peripécias, estratégias políticas que vamos descobrindo ao londo deste Império à deriva que acaba também por nos ajudar a reflectir sobre as consequências para Portugal, da ausência do Rei durante 13 anos.
A viagem, que demorou cerca de 8 semanas - para os mais rápidos e que não se perderam porque entretanto é difícil manter junta uma frota numa travessia como esta - fez com que a nossa família real se apresentasse aos seus súbditos do Novo Mundo, imunda, infestada de piolhos com a D. Carlota Joaquina de cabeça rapada e esfarrapada.

3 comments:

Anonymous said...

Que impressionados devem ter ficado os brasileiros ao ver uma rainha nojenta e piolhenta...risos...Acho sobretudo curioso ler obras escritas por estrangeiros, sobre os nossos assuntos. Sempre dá para compararmos com o que aprendemos.

Obrigada Lenca

CM XX

lenca said...

Pois CM,

Patrick Wilcken é um historiador Neo-Zelandês que se interessa muito pela história de Portugal. Está muito engraçado o livro porque nos faz reviver a história daquela época: por um lado olhamos com outros olhos D. João (a História não foi generosa com ele, recordando-o sempre como o cobarde que fugiu de Lisboa. Mas a verdade é que, como em qualquer memória, há sempre mais do que apenas uma versão e D. João merece algum respeito...), por outro vemos como todas as intrigas e estratégias políticas minaram o rumo do nosso país. Depois pelo meio temos as peripécias da viagem e da chegada ao Novo Mundo, a loucura de D. Maria que foi tratada com as mais insanes terapias por médicos que vieram, por exemplo, de Inglaterra só para a examinarem.
Em suma, vale a pena.

Rubi said...

Um neo-zelandês que se interessa pela história de Portugal, é interessante. Vou fixar esse nome :)

Parabéns pelo blogue. Está muito giro