Ainda no outro dia falava de....
....livros que falam daquelas coisas em que já pensámos tantas vezes mas não conseguimos traduzir em palavras. Isso tem-me acontecido página depois de página do livro que estou a ler "Sputnik meu Amor" de Haruki Murakami que me ofereceram nos anos e que resolvi "atacar" antes do outro livro do autor que comprei na Feira do Livro, "Kafka à Beira Mar".
"As pessoas aproveitam todas as oportunidades para falarem de si mesmas com uma sinceridade espantosa. Dizem coisas do género: "Sou de tal maneira franco e honesto que até parece mal", ou então: "Sou demasiado vulnerável e tenho problemas no relacionamento com os outros" e ainda: "Tenho muito jeito para compreender os problemas dos outros".
Contudo, houve vezes em que vi pessoas que se diziam "vulneráveis" magoarem outros sem motivo aparente. Vi pessoas com um perfil "franco e honesto" usarem desculpas esfarrapadas para obterem o que desejavam a qualquer preço. Quanto aqueles que têm um jeito especial para compreender os verdadeiros sentimentos dos outros, vi-os deixarem-se enganar pela forma mais grosseira da lisonja."
Passagens como esta, simples e incisiva, estão presentes em quase todas as páginas nesta história de amor que ainda não consegui compreender bem (ainda vou na pg. 127 de 238) mas que está a prender a minha atenção e a despertar a minha curiosidade.
No outro dia falava eu dos livros que tinha comprado (e que pretendo ler logo que tenha "tempo") e fui logo chamada à atenção (não nos comentários...) para o facto de andar a perder tempo, para andar a cometer a heresia de ler livros que não os "grandes" os "clássicos" os "conceituados". Pois literáriamente falando permitam-me que esclareça que não me importo de "gastar" tempo a ler nem nunca ousaria ter a presunção de julgar a leitura dos outros. Eu leio de acordo com o meu estado de espírito e já me aconteceu deixar livros a meio por não querer "aprender aquilo" naquele momento. Na maior parte desses casos voltei a pegar neles tempos mais tarde e achei-os imperdíveis. Já li de tudo um pouco e por isso não sinto que seja despropositado dizer que não gosto da escrita de Paulo Coelho, Margarida Rebelo Pinto ou Dan Brown mas que acho que se pode começar por ler um romance histórico que cativa e chama à leitura como os de Richard Zimmler ou Marion Zimmler Bradley e que são imperdíveis autores como Eça de Queirós, Sommerset Maugham, Oscar Wilde, Graham Greenne ou Dostoievsky.
O que é engraçado sobre as pessoas que acham que só se devem ler os "grandes" é que depois acham que nem todos somos merecedores dessa leitura e que poucos de nós conseguem captar a essência do autor.
E afinal em quê que ficamos?
Podemos se calhar esperar que morram alguns dos vivos para depois se tornarem nuns desses "Grandes". Claro que muitos de nós depois não vão estar cá para os ler, mas essa já é outra história...
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