Tuesday, May 02, 2006

Quem anda à chuva...

...não pode esperar ficar com a roupa seca.

No meu zapping habitual em horário nobre (ainda existe alguém que consiga ver um noticiário de início ao fim? E nem falo do telejornal da madeira com o seu "tema do dia" que incita qualquer um a mudar de canal...) e depois de esta manhã ter já ameaçado mudar de planeta, eis que constato agora que há forças maiores que estão a conspirar contra mim (ou não fosse eu uma verdadeira portuguesa e não sofresse do síndroma "o mundo conspira contra mim").
As 2 peças seguidas sobre as invasões bairristas só podem mesmo querer dizer isso. Primeiro sou confrontada com notícia da acção de 600 polícias que, numa operação sem memória (pelo menos na memória curta que nos caracteriza) , faz uma espécie de arrastão ao contrário por entre as barracas (ilegais) no Bairro da Torre. Estamos a falar de um bairro indiciado como sendo o refúgio de criminosos, como sendo a origem de tiros disparados para aviões civis entre tantos outros que parecem ter sido os motivos desta invasão. Mas fiquei-me por estes dois porque a minha atenção seguiu depois para os testemunhos dos habitantes daquele bairro. Enquanto durou a operação (acho que ouvi 5 horas mas não posso ser precisa porque as expressões que de seguida refiro acabaram por tomar mais lugar na minha cabeça, apagando alguma da informação antes armazenada) as pessoas foram obrigadas a manter-se onde estavam, ou seja: quem estava do lado de fora ficava do lado de fora, quem estava do lado de dentro, aí permenecia também. Ora dos testemunhos que ouvi, e fazendo um apanhado muito opinativo com poucas bases de sustentação (outra característica bem portuguesa) posso assegurar que:
1º As mães do bairro da torre preocupam-se em demasia com os seus filhos. Base da dedução: "deixei a piquena lá dentro para ir ó café, se ela acende um fósfóro, comé?" ou ainda "deixei minha´filha em casa durante a noite e agora? A piquena já se deve ter mijado toda"
2º As mães do bairro da torre mesmo com filhos adultos preocupam-se em demasia. Base da dedução:
- "Aiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii......aaaaaaaaaaaaaaiiiiiiiiiiiiiiiiiii....que me vai dar um mal. Levaram os meus filhinhos...!!"
- (jornalista) "Levaram os seus filhos?? Mas detidos?"
-" Aiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii os meus três mais velhos foram todos!!"
- "Mas encontraram alguma coisa na sua casa durante a rusga?"
- "aaaaaaaaaaaaaaiiiiiiiiiiiii estes policias são uns monstros, deixaram isto neste estado, neste estado" ("que estado", perguntava-me eu ao ver as imagens)
- "levaram alguma coisa os polícias??"
- "aaaaaaaaiiiiiii os meus filhinhos...Hummm...encontraram uns cartuchos...cof...cof....aiiiiiiiiii....uma caçadeira.....aiiiiiiiiiiiiiiiii"
Bom, a segunda invasão bairrista aconteceu na costa da caparica mas bem mais pacata. Tratava-se de deitar abaixo construções ilegais. Mas, imagine-se, para falar aos jornalistas havia uma representante do "condomínio de moradores" porque afinal de conta as novas casas ("oferecidas" pela autarquia, são mais pequenas....").

Será que este serviço de condomínio faz outsourcing?... É que assim de repente se aquela máquina amarela resolve vir deitar abaixo construções ilegais aqui pela Madeira....

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