Saturday, May 27, 2006

De vez em quando devemos arrumar os livros de psicologia no fundo do baú!

Quando o meu Martim era muito mais pequenino do que é agora e eu ainda tinha uma culpabilidade enorme que me levava a contar ao pediatra tudo o que fazia (mesmo sabendo que ele ia fazer cara feia e que eu ia continuar a fazer as mesmas asneiras) ele disse-me meio a sério, meio a brincar que eu devia escrever um livro chamado "como educar mal o meu filho-a minha experiência pessoal", voluntariando-se para escrever o prefácio. Passados quase 2 anos desta proposta, acho que seria um livro útil, porque acho que o resultado está a ser positivo e que devemos dar um desconto a todas as teorias sábias e comprovadas pelo mundo inteiro... é que o coração de mãe às vezes diz que devemos arrumar essas teorias no baú, nem que seja por umas horas. Dentro da minha lista de "erros horríveis cometidos", que todos os pediatras e psicólogos (e etc. etc.) afirmam (e ainda bem), mas que sabe bem não cumprir, saliento os seguintes:
- Excesso de colo nos primeiros meses de vida não dá vicio, dá simplesmente origem a uma relação de confiança no ambiente, evita cólicas e mantém o estado de "paixão"... resultado: mal começa a gatinhar vai mundo fora, porque tem o "reservatório do colo" sempre atestado.
- Dormir na cama dos pais às vezes sabe muito bem, é mais quentinho, dormimos abraçadinhos e faz com que os bebés durmam a noite inteira. É um bom remédio contra pesadelos, insónias, frio, cólicas etc.
- Saltar a sopa numa refeição, trocar refeição por pápa, iogurte ou alimento afim não causa vicios, maus hábitos ou "fobia" à sopa... Causa bebés práticos e versáteis, não sendo visível nehuma falta da cenoura ou da batata
- dar pápa de biberão porque às vezes é mais prático é um descanso para todos (mesmo que o pediatra diga que os cereais devem ser mastigados), não suja os restaurantes, nem a praia, nem os centros comerciais, ou seja, até é um acto ecológico
- Iogurtes de sabores são melhores que os naturais
- Comer um bocadinho de gelado dos pais ao fim-de-semana não faz mal a ninguém, evita birras nos restaurantes e ainda recebemos uns beijinhos docinhos em troca
- o mesmo para o chocolate, que não é o "alimento do inferno" e que uma dentadinha quando o "rei faz anos" só dá origem a um sorriso castanho
- Adormecer ao colo, a cantar ou a fazer miminhos não dá maus hábitos ou vicios, pelo contrário, dá a sensação que dormir é uma coisa boa e que podemos dormir sós que em caso de SOS há um colinho pronto
- A "quebra de horários" é um hábito optimo, porque a toda a gente, tem ar de "novidade" e dá a sensação que "amigo não empata amigo"... (cá em casa, às vezes, temos "raves" melhores que nas Vespas!)
- Ranhos, tosses e sintomas afins curam-se na praia
- Nesta casa temos a "democracia do bacio": não quer, não faz! ir ao bacio obrigado, não! (esperemos que lhe apeteça antes dos 18 anos...)

E a lista continuaria... agora melhorei a minha culpabilidade e já não conto ao pediatra o que sei que ele não quer ouvir! Prometo voltar daqui a 16 anos (quando o Martim fizer 18) a confirmar se estes "erros" foram ou não perturbadores do desenvolvimento... Claro que se alguém me chegar à consulta a dizer que leram esta menságem, eu nego a autoria!! É que estes erros "educativos" cada um tem de descobrir os seus e saboreá-los como transgressão (e assim tem muito mais piada!)

2 comments:

Lita said...

Não podia estar mais de acordo...

Para mim, ser psicóloga e mãe foi das coisas mais difíceis de conciliar. Porque as teorias começam a ficar na prateleira sob a desculpa de um amor imenso que nos diz o que fazer, mesmo que os livros sejam contra.

Mas sempre ouvi dizer que o amor é a resposta a tudo. E que amor a mais nunca estragou ninguém. Nos filhos, essa é a maior verdade que vou aprendendo...

Se sou uma má mãe para a Mariana, só o tempo o dirá. Mas que amo.... AMO; AMO; AMO!!!!!

Parabéns pelo Martim.

catarina said...

Finalmente alguém que me compreende, porque habitualmente os comentários que ouço são: "que sorte seres psicóloga, porque assim já sabes tudo o que fazer com o martim!". Felizmente não é assim! Às vezes a teoria desajuda e trás aquela culpabilidade de saber que não devia ser assim, de ter a tentação de medir ou avaliar (uau! vamos comemorar porque o meu filho já está na fase anal ou já tem os três organizadores psíquicos ou ainda já saiu da posição esquizo-paranóide e está a entrar na depressiva!) que é uma saca! Beijos para a Mariana