Não fechem o livro da Rita...
Não me recordo da última vez que abri um daqueles mails de "corrente disto ou daquilo", os de "dão-se cachorrinhos" ou os da "criança desaparecida". Não porque seja insensível mas porque sei que a maioria desses e-mails pretendem apenas confirmar endereços de correio electrónico para depois encherem as nossas mailboxs de lixo inútil. Mas este que recebi hoje prendeu a minha atenção talvez por ainda recordar as notícias deste desaparecimento há uns meses atrás. Lembro-me de ver o apelo do pai na altura, e de ter ficado comovida com a sensibilidade daquele homem que, diante das câmaras de televisão, falava com a certeza de que daí a algumas horas teria a sua Rita de volta.
Apercebo-me agora, por este e-mail que que chegou à minha mailbox que o pai da Rita continua à espera. E quase mecanicamente, sem saber porquê e quase sem controlo sobre os meus movimentos, dei por mim na Internet a tentar saber mais sobre a Rita. Fiquei a saber que tem 17 anos e que é da Leça da Palmeira, no Porto. À medida que naveguei fui encontrando fotografias, apelos, rasgos da vida da Rita e dei por mim a visualizá-la, com as suas amigas a divertir-se. Numa viagem de estudo que fizeram e depois ficaram horas perdidas na noite a conversar, a partilhar segredos e sonhos de futuro. A brigar com os pais, que não entendiam a moda das calças largas. A pedir para ficar a dormir na casa de uma amiga...E assim está a história da Rita: suspensa, à espera que ela volte para poder virar a página mas não para fechar o livro.
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