Tuesday, May 30, 2006

Metro quê??



Estava eu a jantar o meu strogonoff com natas e cogumelos enquanto ouvia as notícias quando volto a ouvir a palavra da moda - metrosexual - enquadrada numa reportagem onde os protagonistas eram quatro rostos (masculinos...) conhecidos do panorama do entretenimento nacional.
Não me parece que haja uma inversão de papéis porque, da última vez que prestei atenção a isso, as mulheres não andavam a virar maxosexual. O que há é uma tendência da parte dos homens em aproximar-se do, até agora resguardado, universo feminino.
De acordo com a reportagem os homens gostam dos "nossos pequenos luxos", "os pequenos prazeres do feminino", referiam nos depoimentos. Suponho que não enquadravam nesses pequenos prazeres a depilação a cera (a grande notícia da reportagem dada com aquele tom de "homens animem-se" era mesmo a de um cera depilatória que vai ser lançada para os homens) que para nós, mulheres, é um dos maiores fardos de beleza que temos que carregar. Não me tenho como uma retrógrada mas confesso que me faz alguma confusão ter que disputar 1/2 hora de esteticista com um João, um António ou um Manuel que têm marcada uma sessão completa de Peito, Perna Inteira, Axilas e Braços (para enumerar só alguns). Daqui a pouco voltam as mulheres à gilette para os homens poderem retirar aqueles pelos inestéticos para depois então poderem exibir os corpos sem celulite nem estrias (a custo de muito ginásio, massagens e cremes) e usar à vontade a t-shirt de cavas, com a calça de cintura bem descaída e as sapatilhas da moda.
Casal maxosexual/metrosexual
"Querida, amor, passa-me a cera e o créme esfoliante por favor"
"Oh pa....pfffff....toma lá. Mas dás-me a gilette sim? E muda esse canal que já não se pode com essas séries lamechas!!"
No fim da reportagem o alento: "Mas os metrosexuais também gostam mais de ajudar nas tarefas domésticas e cozinhar"
E eu só fico com vontade de dizer, façam o que quiserem: depilem-se, cozinhem pratos elaborados com ingredientes daqueles com nomes impronunciáveis, usem o último creme da moda e paguem 200€ o boião, roubem as nossas esteticistas, acompanhem as tendências e os desfles de moda, leiam as nossas revistas e falem sobre moda...Tudo. MAS não toquem nos nossos saltos altos!!Isso nunca!

Monday, May 29, 2006

Tristeza não tem fim...


Edward Hopper, Summer Evening


...felicidade sim.

Tenho aquele hábito enervante de ficar com uma música na cabeça e depois passar o dia a trautear um ou dois versos,normalmente os únicos que sei de cor - diga-se em abono da verdade. Muitas vezes até invento partes da letra, tentando encontrar palavras que encaixem naqueles espaços de ritmo, mas não é dessa heresia (diriam os músicos) que quero falar aqui.
Esta história de que não há mal que sempre dure nem bem que nunca acabe é um tanto deprimente, não concordam? É que ao fim ao cabo passamos a vida suspensos em espaços temporais criados pela nossa cabeça: em tempos maus, ficamos ansiosos porque todos os dias pensamos "pode ser hoje que muda"; em tempos bons, minamos a nossa felicidade com hipotéticos cenários de finais "não felizes" porque afinal, não há bem que sempre dure.
A música de Vinicius de Moraes que me ficou na cabeça mesmo depois de eu tentar "meter outra no lugar" afecta-me sobretudo hoje que estou num daqueles dias em que esboçar um sorriso é um esforço quase sobrenatural. Deve ser do tempo, este tempo "capacete" está a "implicar comigo", só pode ser isso.
E fiquei a pensar nesta história da felicidade e da tristeza, ambas efémeras. Que bom termos um alento nos tempos maus mas temos que viver a espreitar por cima do ombro nos tempos bons? Não admira que a doença mais actual seja o stress e tudo o que se relaciona. Pois se não conseguimos fechar os dois olhos sem ter medo que alguém nos venha roubar a felicidade. Dormimos sob stress, dormimos um daqueles sonos em que os nossos olhos não param de tremer debaixo das palpebras. Acordamos e vivemos meio a medo, ora porque estamos tristes e temos medo que essa tristeza não acabe, ora porque estamos felizes e sabemos que essa felicidade vai acabar.
"A felicidade é como a pluma
Que o vento vai levando pelo ar
Voa tão leve
Mas tem a vida breve
Precisa que haja vento sem parar"
Sem o som por trás e sem a voz de Vinicius de Moraes as palavras parecem bem mais duras e já não as conseguimos repetir de ânimo leve. Não é?
A partir de agora vou ter mais cuidado com as musicas que me ficam na cabeça.

Sunday, May 28, 2006

O milagre...

Não acreditava em milagres até há precisamente 10 dias atrás altura em que passei a acreditar naquele que me parece agora o maior milagre de todos: o da vida (o maior de todos porque comecei a equacionar que esta recente descoberta me pode levar a outras).
Nasceu a Ana Maria.
A Ana Maria não era só desejada pelos seus pais, avós, tios e primos mas por todos nós, amigos e amigas que vimos o quão pode ser dificil concretizar um sonho. E este sonho, este milagre agora chamado Ana Maria foi dificil de concretizar.
Dificil, doloroso, foi uma verdadeira prova de força, de crença, de lutar até ao fim, de não deixar de acreditar.
Depois, em pouco mais de 2 horas, tudo isso se esquece. Passamos do passado para o futuro esquecendo o presente porque a partir daquele momento o presente é mesmo o que menos importa porque passamos a caminhar para um objectivo.

Todo o santo tem um passado e todo o pecador tem um futuro...

Esta expressão ficou-me na cabeça depois de a ver num filme que não recordo qual é. Chega a ser estranho, lembro-me da frase mas não me lembro onde a ouvi. Deve ser a isto que chamam memória selectiva.
Mas fiquei a pensar nisto e, confesso fiquei satisfeita porque um passado já eu sabia que tinha mas agora fiquei com a esperança de vir a ter um futuro. Porque, parafraseando o poema de Miguel Torga, Eu pecadora me assumo. E que bem que sabe pecar.

Saturday, May 27, 2006

Os verdadeiros "tugas"


Venho aqui confessar que atingimos o fundo do poço!! Haverá saída? Poderei algum dia desiludir-me mais a mim mesma? Passo a contar o episódio causador de tamanha angústia: ontem, sexta feira à noite, pedimos aos meus pais que ficassem à noite com o Martim para irmos passear... os dois... como um parzinho de namorados... Desgraça nº 1: fomos ao madeira shopping "ver umas lojinhas"... bem... aqui ainda teríamos salvação, porque o calor está a chegar e sabe sempre bem roupa nova para o Verão... mas aí surge a Desgraça nº 2: "bem, já que aqui estamos... numa sexta feira à noite (quando 50% da população tem um programa fabuloso)... sem a criança... com calma... sem pressa... podiamos aprveitar e ir ao supermercado!!!!!!" Dito e feito!! Nós, sózinhos, no único momento da semana que podemos estar só os dois, achámos que o melhor que podiamos fazer era ir ao supermercado!!! 11 da noite... só saímos de lá quando a voz irritante soou a dizer "caros clientes, vamos encerrar dentro de 10 minutos". Resultado da "noitada a dois": chegámos a casa depois da meia noite, cheios de sacos pesadissimos, gastámos uma quantia elevadissima (mais do que qualquer jantar no melhor restaurante da zona) e os meus pais ficaram acordados até essa hora para podermos aproveitar a noite...
é com vergonha que partilho com vocês a minha noite de sexta feira... depois espanto-me de ter os sapatos de salto a criar bolor e a maquilhagem fora de prazo... no próximo fim de semana compro o fato de treino com brilho a condizer para o casal, para sermos o típico casal de "tugas"!!

Saudades de...

Não fazer nada... dormir, dormir, dormir... daquelas manhãs que acordava devagarinho, olhava para o relógio e pensava "já é tão tarde, dormi demais" e depois virava-me para o lado e dormia mais um pouco, porque já que a manhã estava perdida, não havia nada mais a fazer... passar o dia de pijama, a comer comida que "não necessita preparação", ver os filmes que passam à tarde e dormir, porque como já vimos o filme 3 vezes, se perdermos um bocado não faz mal... só damos valor a estes pequenos "luxos" quando os perdemos... bem, boa noite, até amanhã...

Bikinis



Ontem fui comprar bikinis e cheguei à concusão que nós, as compradoras de bikinis, devemos ser as compradoras mais chatas do mercado... isto porque quando vemos um bikini lindo de morrer não imaginamos o nosso corpo dentro dele, mas sim o corpo de uma sereia... resultado: depois de termos experimentado 30 bikinis achamos que nenhum é o "bikini perfeito". Os fabricantes e vendedores de bikinis que não desanimem... é que uma mulher quando vai comprar tal peça espera encontra uma que: aumente o peito e o torne "imune" à lei da gravidade, apague a celulite, ponha as ancas do tamanho certo, disfarce rolos e rolinhos, esconda a barriga, nos torne mais altas, seja o mais decotado possível para tornar-nos "apetecíveis", mas não seja tão decotado que nos ponha a fazer controcionismo na esteticista nem nos dê ar de "fáceis", não seja transparente, seja original, não seja tão original que fique toda a gente a olhar para nós, disfarce o tamanho do nariz, os pés chatos, as rugas dos olhos, as pontas espigadas do cabelo, etc. etc. Tenho a carteza que se alguma vez alguém fizer um bikini assim será beatificado! Até lá, continuaremos à procura e a chatear as empregadas das lojas de bikinis...

De vez em quando devemos arrumar os livros de psicologia no fundo do baú!

Quando o meu Martim era muito mais pequenino do que é agora e eu ainda tinha uma culpabilidade enorme que me levava a contar ao pediatra tudo o que fazia (mesmo sabendo que ele ia fazer cara feia e que eu ia continuar a fazer as mesmas asneiras) ele disse-me meio a sério, meio a brincar que eu devia escrever um livro chamado "como educar mal o meu filho-a minha experiência pessoal", voluntariando-se para escrever o prefácio. Passados quase 2 anos desta proposta, acho que seria um livro útil, porque acho que o resultado está a ser positivo e que devemos dar um desconto a todas as teorias sábias e comprovadas pelo mundo inteiro... é que o coração de mãe às vezes diz que devemos arrumar essas teorias no baú, nem que seja por umas horas. Dentro da minha lista de "erros horríveis cometidos", que todos os pediatras e psicólogos (e etc. etc.) afirmam (e ainda bem), mas que sabe bem não cumprir, saliento os seguintes:
- Excesso de colo nos primeiros meses de vida não dá vicio, dá simplesmente origem a uma relação de confiança no ambiente, evita cólicas e mantém o estado de "paixão"... resultado: mal começa a gatinhar vai mundo fora, porque tem o "reservatório do colo" sempre atestado.
- Dormir na cama dos pais às vezes sabe muito bem, é mais quentinho, dormimos abraçadinhos e faz com que os bebés durmam a noite inteira. É um bom remédio contra pesadelos, insónias, frio, cólicas etc.
- Saltar a sopa numa refeição, trocar refeição por pápa, iogurte ou alimento afim não causa vicios, maus hábitos ou "fobia" à sopa... Causa bebés práticos e versáteis, não sendo visível nehuma falta da cenoura ou da batata
- dar pápa de biberão porque às vezes é mais prático é um descanso para todos (mesmo que o pediatra diga que os cereais devem ser mastigados), não suja os restaurantes, nem a praia, nem os centros comerciais, ou seja, até é um acto ecológico
- Iogurtes de sabores são melhores que os naturais
- Comer um bocadinho de gelado dos pais ao fim-de-semana não faz mal a ninguém, evita birras nos restaurantes e ainda recebemos uns beijinhos docinhos em troca
- o mesmo para o chocolate, que não é o "alimento do inferno" e que uma dentadinha quando o "rei faz anos" só dá origem a um sorriso castanho
- Adormecer ao colo, a cantar ou a fazer miminhos não dá maus hábitos ou vicios, pelo contrário, dá a sensação que dormir é uma coisa boa e que podemos dormir sós que em caso de SOS há um colinho pronto
- A "quebra de horários" é um hábito optimo, porque a toda a gente, tem ar de "novidade" e dá a sensação que "amigo não empata amigo"... (cá em casa, às vezes, temos "raves" melhores que nas Vespas!)
- Ranhos, tosses e sintomas afins curam-se na praia
- Nesta casa temos a "democracia do bacio": não quer, não faz! ir ao bacio obrigado, não! (esperemos que lhe apeteça antes dos 18 anos...)

E a lista continuaria... agora melhorei a minha culpabilidade e já não conto ao pediatra o que sei que ele não quer ouvir! Prometo voltar daqui a 16 anos (quando o Martim fizer 18) a confirmar se estes "erros" foram ou não perturbadores do desenvolvimento... Claro que se alguém me chegar à consulta a dizer que leram esta menságem, eu nego a autoria!! É que estes erros "educativos" cada um tem de descobrir os seus e saboreá-los como transgressão (e assim tem muito mais piada!)

Friday, May 26, 2006

Não fechem o livro da Rita...

Não me recordo da última vez que abri um daqueles mails de "corrente disto ou daquilo", os de "dão-se cachorrinhos" ou os da "criança desaparecida". Não porque seja insensível mas porque sei que a maioria desses e-mails pretendem apenas confirmar endereços de correio electrónico para depois encherem as nossas mailboxs de lixo inútil. Mas este que recebi hoje prendeu a minha atenção talvez por ainda recordar as notícias deste desaparecimento há uns meses atrás. Lembro-me de ver o apelo do pai na altura, e de ter ficado comovida com a sensibilidade daquele homem que, diante das câmaras de televisão, falava com a certeza de que daí a algumas horas teria a sua Rita de volta.
Apercebo-me agora, por este e-mail que que chegou à minha mailbox que o pai da Rita continua à espera. E quase mecanicamente, sem saber porquê e quase sem controlo sobre os meus movimentos, dei por mim na Internet a tentar saber mais sobre a Rita. Fiquei a saber que tem 17 anos e que é da Leça da Palmeira, no Porto. À medida que naveguei fui encontrando fotografias, apelos, rasgos da vida da Rita e dei por mim a visualizá-la, com as suas amigas a divertir-se. Numa viagem de estudo que fizeram e depois ficaram horas perdidas na noite a conversar, a partilhar segredos e sonhos de futuro. A brigar com os pais, que não entendiam a moda das calças largas. A pedir para ficar a dormir na casa de uma amiga...E assim está a história da Rita: suspensa, à espera que ela volte para poder virar a página mas não para fechar o livro.

Descobertas em cadeia...

Esta história dos blogs tem muito que se lhe diga.

Nunca me tinha ocorrido criar um blog mas num certo dia de Primavera, assim, de um momento para o outro, numa tarde calma, resolvi que queria experimentar a sensação de "ter um blog". Já passaram várias fases como a da descoberta do Sitemeter, ferramenta através da qual fiz outras importantes descobertas. E depois, o que é engraçado, é que as descobertas acontecem em cadeia.
Os dois, do outro lado do Atlântico.
A minha amostra, bem sei, é reduzida, mas leva-me a pensar que se escreve muito bem do outro lado do mar.

Thursday, May 25, 2006

cada vez mais assídua!


Não sei se repararam, mas cada vez tenho "regado" mais o nosso blog com as minhas participações e é com orgulho que vejo que ele vai crescendo a olhos vistos... claro que nunca conseguirei apanhar a amiga lenca que deve ter colaboradores a trabalhar para ela, tendo em conta a velocidade de produção, mas devagar se vai ao longe... até breve, espero!

Orgasmo literário

O termo não é meu, mas achei muita piada! Foi dito por uma amiga minha a propósito de um livro que estava a ver, referindo que andava a ter "orgasmos literários" (e não era um livro erótico!). Não deve andar longe da verdade, porque há palavras ou frases que nos fazem suspirar baixinho, fechar os olhos, saborear, fantasiar e esperar que a sensação perdure, que deixe um calorzinho na alma e que nos embale o sono, fazendo-nos adormecer com um sorriso nos lábios... Este tipo de orgasmo tem também as suas vantagens, pois podemos ler emqualquer sitio (mesmo público) e ter este prazer em qualquer lado sem sermos acusados de atentado ao pudor; um livro está sempre à mão, em casa, na prateleira (e nunca na borga com os amigos - apesar de muitas vezes os nossos livros andarem na casa dos nossos amigos...) e além disso é fácil de transportar (podemos também deixá-lo no carro quando estamos sem pachorra); podemos ler muitas frases bonitas em pouco tempo (o que nos dá a oportunidade de ter orgasmos múltiplos); não está descrita nenhuma doença (excepto talvez a "vista cansada") causada pela "leitura descuidada", pelo que dispensa o uso de preservativos; não causa filhos indesejados nem exige fidelidade a um único parceiro (podemos ter vários livros diferentes a nos dar prazer ao mesmo tempo, sem que isso seja visto como traição, promiscuidade ou que nos traga sentimentos de culpa). Merecemos realmente ter um prazer assim... e ler devagar...

Homenagem às birras do Martim

Sei que mãe é mãe, e para as mães os filhos são sempre os mais engraçadinhos e os mais bonitos do mundo, mas, apesar disso, queria prestar uma homenagem às birras do meu Martim, porque são fantásticas! É que há crianças que fazem birra sem qualquer objectivo, só pelo simples prazer de gritar e enlouquecer os outros... nem elas próprias sabem porque gritam, o que talvez mostra que até elas estão fartas de se aturarem a si próprias... mas o meu Martim não! Quando ele faz uma birra tem sempre um objectivo, porque apesar da sua tenra idade, é um rapaz decidido, com ideias muito vincadas e objectivos claros. O Martim sabe pelo que luta! E Luta! Não tem medo de fazer figura triste, do que os outros vão pensar, enfrenta o perigo de apanhar uma palmada e mesmo assim vai à luta! Submissão nunca!! Antes morrer a fazer birra do que viver a vida inteira de joelhos!! Mostra assim que tem uma personalidade forte. Sabe que pode opor-se, que não tem de conformar-se com o que é imposto pelos outros, que pode ter opiniões e desejos diferentes e que tem o direito de expressá-las. Apesar de dar pelos joelhos dos adultos, encontra maneiras para se fazer ouvir (cada um luta com as armas que tem), não se deixando intimidar com ameças e seduções, mas, principalmente, sabe que pode confiar no ambiente que o rodeia, ou seja, que pode gritar e dar pontapés à vontade, que provavelmente recebe um castigo ou um ralhete, mas lá no fundo sabe que todos vão continuar a gostar dele, não o vão deixar, que os adultos são suficientemente fortes para aguentar toda a sua zanga e que quando a furia passar tudo volta à normalidade.

Talvez o problema de muitas pessoas é terem desaprendido a fazer birras... O que seria dos ditadores se toda a gente fizesse birras como o meu Martim!

Fixações


Compreendo que não houve infâncias perfeitas, e que todos nós (mais uns que outros)têm falhas no seu desenvolvimento, falhas estas que procuram durante toda a sua vida colmatar. Toda a gente sabe que os bebés durante os primeiros dias de vida "exigem" que a mãe satisfaça as suas necessidades, têm pouco poder de actuar e transformar o ambinte à sua volta. A imagem seria do bebé deitado, de boca aberta, à espera do leitinho da mãe, que se satisfaz por cumprir a sua função sem esperar nada em troca. O problema é que há pessoas que muitos e muitos anos depois têm a mesma atitude perante os outros e perante o mundo em geral: esperam muito, esperam por vezes tudo, reclamam quando não têm e o que recebem acham sempre que é pouco e que os outros não fizeram mais do que sua obrigação. Esta posição terrivelmente egocêntrica é muito engraçada nos bebés, mas é desesperante nos adultos, que tudo esperam, nada dão em troca, talvez por viverem na esperança de encontrar no mundo cá fora a "boa mãe" que lhes faltou no inicio... aquela que dá tudo, não espera nada em troca e olha enternecida para o filho que "tão indefeso e frágil" não pode lutar por si nem modificar o ambiente... (como devem imaginar, não me refiro aos pacientes, que procuram ajuda técnica para solucionar os seus problemas, mas a pessoas do nosso quotidiano, em relações ditas de "igualdade") É que até o meu filhote de 2 anos não precisa da papinha toda feita e sente prazer em ter alguma "luta" para conseguir os objectivos, ficando orgulhoso por consegui-los por mérito próprio... basta dar as "ferramentas" e deixa-lo saborear o prazer da descoberta!

E eu a pensar que até já tinha dado umas voltas...


....descubro agora que ainda falta tanto e que tenho andado a perder tempo "a repetir".

A ideia está bem engraçada e podem pô-la em prática aqui.

Carneiro??...



De facto, nasci sob o signo Carneiro do Zodíaco. Normalmente quando aqueles entendidos em signos me perguntam qual é o meu e eu, ingenuamente respondo (respondia ingenuamente, hoje já o faço com a convicção de estar preparada para um remate tipo "sim, sou e depois?"): carneiro, olham para mim como se eu fosse o símbolo de toda a teimosia, persistência e mau feitio deste mundo e arredores.
Isto para justificar a minha resposta de ontem a uma pessoa que num espaço de 3h00 assistiu à minha mudança de humor que foi desde o andar cabisbaixa e de ombros encolhidos sem conseguir esboçar um sorriso até, as tais 3h00 depois, passar a rir e fazer piadas.
Foi o que lhe respondi, a minha má disposição e tristeza são como a paixão que dá forte e passa rápido.

Wednesday, May 24, 2006

Dei por mim a pensar em...

...insultos.
E depois de muito pensar concluo que: existem aqueles que são infligidos propositadamente, outros que o são sem querer. Há alguns que são maldosos outros que são ditos só para ver no que dá. Uns são feitos de forma engraçada, quase imperceptível, outros são frios, escarrapachadamente insultuosos.
Mas existem ainda aqueles com consequências catastróficas e os que quase nos passam ao lado. Depois, temos ainda insultos dos quais só nos apercebemos passado algum tempo de ressaca, quando pensamos melhor no assunto, ao passo que existem aqueles que nos apercebemos de que são insultos no instante em que são proferidos, às vezes mesmo antes, se conseguirmos interpretar a expressão facial.
Bom mas isto tudo ocorreu-me porque há 2 dias senti-me insultada. E, pior, insultada pela pior espécie de "insultadores" que são os que nem aparecem mas "mandam dizer". Eu, se querem que vos diga, se é para insultar prefiro fazê-lo à moda antiga: infligindo o insulto propositadamente, maldoso, de forma engraçada ou escarrapachadamente insultuoso, de consequências catastróficas e que se percebe só depois da ressaca.
Mas isto sou eu, que acho que os "insultadores que mandam dizer" não sabem o que perdem.

Tuesday, May 23, 2006


"O desejo de conhecer trás sempre a recordação velada de uma ameaça, esconde sempre o eco de uma condenação. Comer da árvore do conhecimento conduz inevitavelmente à expulsão do paraíso, mas recuar perante o desejo de conhecer conduz inevitavelmente à morte"

João Sousa Monteiro

Uma imagem vale mais que 1000 palavras


Esta imagem pode ter muitas interpretações, mas hoje faz-me algum sentido... será que alguém "amputado" pode servir-nos de suporte? e se a nossa vida depender disso? até que ponto o nosso destino é influenciado pela base que nos sustenta? poderemos depender de alguém (ser suportados por alguém) com uma falha grave na sua constituição, ou os únicos destinos possíveis serão a queda e/ou a adopção de uma função permanente de bengala deste outro?

Também sobre a amizade

Apesar de concordar com o comentário feito pela Lenca sobre a amizade, tive uma experiência contrária há bem pouco tempo... Às vezes, quando achamos que aquelas pessoas que fazem parte do nosso passado e pouco do nosso presente, o destino prega-nos uma surpresa e descobrimos que dentro de cada um de nós ficou uma "brasinha", pronta a ser acendida a qualquer momento e que basta um "ventinho" para que a chama reacenda... Não... as pessoas com quem partilhámos a nossa intimidade nunca serão como desconhecidos e muitas vezes quando menos esperamos descobrimos que aquela pessoa esteve sempre lá, à nossa espera e que o tempo apaga muitas coisas, mas há sempre um cantinho especial para elas (e ocupamos também um cantinho especial dentro delas). Descobri isso de uma forma muito boa, quando descobri que uma amiga da qual estava um pouco distante (pelo tempo, pelas circunstâncias da vida, pelos diferentes rumos tomados), quando recebeu uma notícia importante, telefonou primeiro para mim e disse: "tenho uma novidade para contar, és a primeira a saber..." e assim vemos que há cantinhos cativos no coração das pessoas nos quais teremos sempre um lugar e que o afecto que tinhamos por elas permanece também dentro de nós, pronto a ser reanimado. Para alguma amizades "congeladas", certos acontecimentos podem funcionar como "microondas".



Patricia: Já que te andas a sentir a Branca de Neve, aqui a amiga anda numa mais de Alice no País das maravilhas (sem coelho), com tantas mudanças, tantas personagens bizarras, tantos imprevistos, que acho já que tudo é possível que aconteça... CORTEM A CABEÇA!!

Sunday, May 21, 2006

A eternidade...

James Rosenquist, Star Thief


Queria poder agarrar num momento de paz
E eternizá-lo
Fazer daquele momento tão fugaz
A eternidade
Pegar naquele instante de nada e de tudo
E guardá-lo em mim
Para que
O momento
A paz
A eternidade
O instante
Fossem toda a minha vida

A propósito de...

...um jantar de aniversário de uns "velhos amigos" dei por mim a pensar na amizade. Mas não na amizade em geral, uma consideração que me levaria tanto tempo a "desconjunturar".
À medida que vamos passando pelo tempo, ou ele passando por nós, e começamos a fazer comentários como "não te via há quase 10 anos" ou "os teus filhos estão tão crescidos", é sinal de que temos que parar para admitir que muitas coisas nunca mais voltarão a ser as mesmas. Há amizades que duram uma vida, acredito piamente nisso e penso que algumas das que construi até agora vão acompanhar-me para sempre, mas outras há que pertencem a um determinado momento da vida e que depois passam deixando em nós uma memória como se ficassem presas no tempo. Durante muito tempo tive dificuldade em compreender estas "amizades flutuantes" estas pessoas que marcam épocas mas pelas quais quando passamos, tempos mais tarde, não temos nada a dizer. Que constrangedor teres à frente uma pessoa a quem já confessaste o mais íntimo de ti e, de repente, só lhe conseguires esboçar um sorriso acompanhado de "o tempo parece que aqueceu...". Durante muito tempo tive dificuldade me lidar com tudo isto, talvez por ter um comportamento...algo exigente na amizade.
É assustador olhar para um grupo de amigos que já foi o nosso e, passados 10 anos, os vermos iguais. No início julguei-os com frases feitas do tipo "o tempo passa e não evoluem" mas sinto que fui injusta e que os julguei de forma errada.
Consegui perceber isso quando achei que já não podia continuar a fugir mais. É preciso assumir que o tempo passa e que nem todos vamos ser melhores amigos até ao fim.
So what?....

Sabem tão bem...


...estes primeiros dias de sol da primavera.

Parece que ficamos mais leves, parece que tudo é mais fácil de resolver, como se não existissem becos sem saída.
Não estou a inovar em nada, existem estudos que correlacionam o sol e a boa disposição de uma forma quase directa.
E que bem que sabe....

Wednesday, May 17, 2006

Dúvidas existenciais...


Alguém que, por favor, me explique porque é que os jogadores de futebol continuam a protestar com o árbitro mesmo depois deste mostrar o cartão (amarelo ou vermelho) sabendo de antemão que a única acção consequente é o agravamento do castigo?.... É que eu, de facto, não entendo.

Tuesday, May 16, 2006

Não comi a maçã mas...


...ando a sentir-me a Branca de Neve. Só não tenho os anões.

Ainda no outro dia falava de....

....livros que falam daquelas coisas em que já pensámos tantas vezes mas não conseguimos traduzir em palavras. Isso tem-me acontecido página depois de página do livro que estou a ler "Sputnik meu Amor" de Haruki Murakami que me ofereceram nos anos e que resolvi "atacar" antes do outro livro do autor que comprei na Feira do Livro, "Kafka à Beira Mar".
"As pessoas aproveitam todas as oportunidades para falarem de si mesmas com uma sinceridade espantosa. Dizem coisas do género: "Sou de tal maneira franco e honesto que até parece mal", ou então: "Sou demasiado vulnerável e tenho problemas no relacionamento com os outros" e ainda: "Tenho muito jeito para compreender os problemas dos outros".
Contudo, houve vezes em que vi pessoas que se diziam "vulneráveis" magoarem outros sem motivo aparente. Vi pessoas com um perfil "franco e honesto" usarem desculpas esfarrapadas para obterem o que desejavam a qualquer preço. Quanto aqueles que têm um jeito especial para compreender os verdadeiros sentimentos dos outros, vi-os deixarem-se enganar pela forma mais grosseira da lisonja."
Passagens como esta, simples e incisiva, estão presentes em quase todas as páginas nesta história de amor que ainda não consegui compreender bem (ainda vou na pg. 127 de 238) mas que está a prender a minha atenção e a despertar a minha curiosidade.
No outro dia falava eu dos livros que tinha comprado (e que pretendo ler logo que tenha "tempo") e fui logo chamada à atenção (não nos comentários...) para o facto de andar a perder tempo, para andar a cometer a heresia de ler livros que não os "grandes" os "clássicos" os "conceituados". Pois literáriamente falando permitam-me que esclareça que não me importo de "gastar" tempo a ler nem nunca ousaria ter a presunção de julgar a leitura dos outros. Eu leio de acordo com o meu estado de espírito e já me aconteceu deixar livros a meio por não querer "aprender aquilo" naquele momento. Na maior parte desses casos voltei a pegar neles tempos mais tarde e achei-os imperdíveis. Já li de tudo um pouco e por isso não sinto que seja despropositado dizer que não gosto da escrita de Paulo Coelho, Margarida Rebelo Pinto ou Dan Brown mas que acho que se pode começar por ler um romance histórico que cativa e chama à leitura como os de Richard Zimmler ou Marion Zimmler Bradley e que são imperdíveis autores como Eça de Queirós, Sommerset Maugham, Oscar Wilde, Graham Greenne ou Dostoievsky.
O que é engraçado sobre as pessoas que acham que só se devem ler os "grandes" é que depois acham que nem todos somos merecedores dessa leitura e que poucos de nós conseguem captar a essência do autor.
E afinal em quê que ficamos?
Podemos se calhar esperar que morram alguns dos vivos para depois se tornarem nuns desses "Grandes". Claro que muitos de nós depois não vão estar cá para os ler, mas essa já é outra história...

Friday, May 12, 2006

Acho que vou voltar ao sistema do colchão...


Ando há mais de um mês sem cartão multibanco porque o meu Banco resolveu renovar os cartões azuis e verdes, feios e antigos, por uns novos com uma vista da baía do Funchal. Claro que, quando falamos de bancos, as coisas não são assim tão lineares e nunca tão simples.
No dia 6 de Abril, fiquei sem cartão deste meu banco onde sou forçada a ter conta (isto se quiser receber o meu salário a tempo e horas, claro, porque posso sempre optar por receber por cheque) mas como ia sair de férias nesse mesmo dia e como, felizmente, tenho conta num outro Banco, resolvi fazer umas transferências através da Internet e do Homebankin, minimizando este problema porque afinal, convenhamos, ninguém acredita que resolve alguma coisa andando a reclamar de Banco em Banco.
O meu cartão com a vista da baía do Funchal, até hoje não chegou. Atraso da SIBS diz-me o banco onde tenho conta sem querer e, portanto "a culpa não é nossa".
- "Quero então fazer um levantamento aqui ao balcão";
- "Com certeza, aqui tem o seu dinheiro e cobramos-lhe uma taxa de levantamento ao balcão de 2,60€".
Vamos lá ver então, mais de um mês depois de me terem retirado o meu cartão multibanco e não me terem dado nenhum em substituição, com ou sem baía do Funchal, fazem-me deslocar a um Balcão físico, esperar numa fila para levantar o meu dinheiro e ainda me fazem pagar por isso?
- "Desculpe, quero fazer uma reclação do banco"
- "Mas não tem nada que reclamar. A culpa é da SIBS"
- "Mas eu não sou cliente da SIBS."
De volta ao meu computador e antevendo que tão cedo esta situação não iria resolver-se, decido ir ao homebanking do Banco e pedir um livro de cheques. Muito a contragosto porque não sou organizada o suficiente para usar este tipo de pagamento. Mas admito-o e por isso só neste caso que considerei de "extrema aflição" recorri a este último recurso.
3 dias depois e tendo chegado o código do cartão a casa, ganho coragem e vou à sede do Banco, levantar o cartão de acordo com as instruções do funcionário que me disse carrancudamente que não aceitava a minha reclamação.
45 mnts de espera graças à falta de várias pessoas com senhas à minha frente (caso comparecessem todos o tempo estimado de espera era de 2h45 mnts) sou atendida por uma funcionária muito solicita a quem apresento o código dizendo que venho levantar o cartão:
- "Mas agora os cartões vão para casa! O seu cartão chegou antes do código"
- "Não minha senhora, não chegou..."
- "ahhh....então extraviou-se"
- "Quanto tempo para vir um outro?"
- "Um mês, e vai ter que pagar novamente a anuidade de 7,80€"
- "Desculpe, quero fazer uma reclamação do banco"
(entretanto já tinha pedido os meus cheques, cuja emissão tinha sido pedida por mim na Internet e pelos quais já me tinham debitado da conta 6,70€)
- "Mas reclamar de quê????"
- "Então eu ainda tenho que vir levantar o meu dinheiro, perder a minha hora de almoço para esperar nesta fila, por atrasos vossos e ainda me cobram por isso?? Reclamar de quê???"
- "Então até lhe estamos a dar este benefício dos cheques, é para compensar essas coisas!"
- "Corrija-me se eu estiver errada mas estes cheques foram pedidos e pagos por mim, não estou a perceber o benefício que o Banco me está a dar..."
Bom, esta visita no Banco demorou mais de 1h30 e fui sendo passada de funcionário a funcionário até o Gerente do Banco que me disse que claro que a razão era toda minha e que me iam devolver esses valores cobrados indevidamente. Ainda aceitou a minha reclamação por escrito. Sabia-a toda é o que vos digo. A formação de "vendas e gestão de conflitos com o cliente" estava toda ali, as frases feitas. Mas eu não me importei mesmo ficando com a clara sensação de que quando virasse as costas iam todos murmurar em uníssono que há clientes insuportáveis.
A questão coloca-se hoje porque 1 mês e seis dias depois de ter ficado sem cartão e de ter sido obrigada a familiarizar-me com os cheques, fui fazer uma consulta ao meu homebanking e vejo que um cheque que passei no valor de 28,60€ foi levantado com o valor de 128,60€. Parece que o traço que pus antes do 2 para cortar foi entendido como um 1. Ao que parece aquela história do "é a extensão que conta" não passa de um mito.
Dá vontade de pegar nas notinhas e guardá-las debaixo do colchão. Para não falar no desejo reprimido que começo a ter, de insultar os bancários...
Mas atenção, vou ter um cartão com uma vista sobre a baía do Funchal.
Ah, bom, então tudo bem.

Wednesday, May 10, 2006

Há dias assim...

...que acabam bem, que nos deixam de sorriso leve nos lábios sem nenhum motivo especial.

Porque a conversa foi boa, porque tivemos um pequeno prazer, porque arranjámos tempo para aquele copo de fim de tarde, porque conseguimos conhecer alguém novo de quem gostámos, porque achamos que o dia foi bem passado, porque houve no dia 30 minutos que nos fizeram pensar que afinal "vale a pena", porque nesse dia achámos, mesmo que por momentos, que afinal não vai ser assim tão difícil, porque mesmo que tenhamos corrido não nos importamos, porque conseguimos ver o pôr do sol, porque tirámos os sapatos e sentimos a relva nos pés, porque cometemos aquela loucura de devorar aquelas trufas de chocolate, porque lemos um livro que valeu a pena, porque nos lembrámos onde escondemos aquela coisa que nos tinhamos esquecido e que era tão simbolicamente importante para nós, porque recebemos um elogio de alguém que é importante para nós, porque acreditamos que seremos felizes.
Há dias assim.

Tuesday, May 09, 2006

Eu tentei...


...sério que sim, mas para bem da minha sanidade mental resolvi fazer uma pausa.

Ando há uns dias com aquela sensação de que estou a ser seguida por uma sombra, uma nuvem invisivel que me persegue e que por vezes me provoca alguns calafrios, num desconforto que nem sempre consigo identificar. Mas hoje (depois de ontem quase ter conseguido ganhar coragem para o fazer), olhei o inimigo de frente, ganhei coragem e enfrentei o meu pesadelo: tinha que preencher a minha declaração de IRS.
Vim para casa a horas decentes, não marquei programa para a noite de hoje e até pedi à minha mãe que me comprasse umas daquelas capinhas todas catitas para guardar documentos, envelopes e até cartõezinhos (A4, A5 e um outro tamanho que não soube identificar). Cheguei a casa e montei todo o meu aparato de novas tecnologias e papeis em cima da mesa tal era a motivação. Normalmente uso o sofá, onde costumo dedicar-me confortavelmente às minhas consultas e escritas mais leves. Mas entao ali estava eu, as 20h27 preparadissima para começar. Fui ao google, procurar o endereço electronico "finanças irs portugal" so me deu o resultado na segunda página de resultados, mas eu estava decidida e lá fui, ainda a cantarolar enquanto pensava "é hoje, seu IRS desgraçado. É hoje que te ponho para trás das costas"
20h37: "Pin incorrecto. Possui mais 2 tentativas."
20h38: "Pin incorrecto. Possui mais 1 tentativa."
20h39:"Pin incorrecto. Esgotou as tentativas."
20h42: " Vou mas é arrumar os recibos por data. Isso, arrumar os recibos por data e depois volto a tentar isto da password. Isso, isso."
20h55: "vou fazer download dos Anexos, A e B. Boa ideia, boa ideia. Anexos....anexos..."
Depois de encontrar os anexos, lê-los na diagonal, olhar para os meus recibos, ver não sei quantos IVA´s diferentes cheguei às 21h09 à conclusão de que PAGO eu PAGO mas tirem-me este fantasma do caminho!!
Eu só posso concluir que tenho sérias dificuldades e limitações. Isso ou as pessoas que me disseram que "é muito fácil" nunca preencheram uma declaração de IRS.

Espero não me arrepender...

Roy Lichtenstein

Monday, May 08, 2006

Matar o tempo...



Hoje, aproveitando o dia de sol, fui almoçar com um amigo a uma esplanada junto ao mar. 13h00 marcámos nós. 13h35 chegou ele.



A pontualidade é de facto uma característica que cada vez se vê menos. Antigamente as pessoas faziam questão na pontualidade hoje gabam-se "de andar sempre a correr e da sua vida não permitir chegar pontualmente a lado nenhum". Nem a propósito nestes 40 minutos de espera (herdei da minha mãe o hábito de gostar de chegar 5 minutos antes da hora marcada, para não ter que fazer os outros esperar...) estive a ler um livro que me foi emprestado. "Resistir" de Ernesto Sabato, é um pequeno livro onde tem 5 cartas deste autor que, do que li, entendi serem dirigidas a qualquer um de nós, a todos nós.
E das muitas reflexões que faz este argentino de mais de 90 anos houve (das que li) várias que me marcaram mas há uma que me marcou em especial por, precisamente eu estar ali, sentada, sozinha, à espera de uma pessoa que tem um ritmo de vida completamente alucinado, para quem tudo é feito a correr. "jantar??impossivel"; "cinema às 19h30 num dia de semana??impossivel"; "copos de fim de tarde??Só se for às 21h"...
"A humanidade carece de tempos de ócio em boa parte porque nos habituámos a medir o tempo de modo utilitário, em termos de produção. Antes os homens trabalhavam a um nível mais humano, frequentemente em ofícios e trabalhos artesanais e enquanto o faziam, conversavam entre eles. Eram mais livres do que o Homem de hoje que é incapaz de resistir à televisão. Podiam descansar à hora da sesta ou a jogar à taba com os amigos. "Venha amigo, vamos jogar um bocado às cartas, só para matar o tempo", coisa tão inconcebível para nós.
A vida dos homens centrava-se em valores espirituais, hoje quase em desuso, como a dignidade, o desinteresse, o estoicismo de ser humano face à adversidade. Estes grandes valores, como a honestidade, a honra, o gosto pelas coisas bem feitas, o respeito pelos outros, não eram nada de excepcional, tinham-nos a maioria das pessoas."
E atenção que não estou a tentar dar lições de moral a ninguém. Eu própria tenho a sensação de que "ando sempre a correr". E, pior, já dei por mim a "fazer tempo" para chegar 15 mnts atrasada a um encontro em que sabia que mais ninguém seria pontual...

Sunday, May 07, 2006

Ainda nos livros...

Respeitando a minha herança genética portuguesa, esperei pelo último dia para ir abastecer-me de livros à Feira do Livro.
Para os que, deixando para o último dia, deixaram passar o último dia digo que fizeram mal. Os descontos valiam a pena. 20% e 30% de desconto em livros é algo que não se deve deixar passar assim ao lado, principalmente quando se compra mais do que um livro... penso que poupei cerca de 40€ o que me deixa satisfeita comigo e com esta poupança. Além de que ir ao Jardim comprar livros de barraquinha em barraquinha é certamente mais prazeroso do que ir ao shopping. Digo eu....
Espero em breve dar-vos algumas (boas) novidades sobre algumas dessas minhas aquisições:
"Kafka à beira mar" de Haruki Murakami;
"No país das lágrimas e outros contos" de José Viale Moutinho;
"Sou um escritor frustado" de Jose Angel Manas;
"A amante colombiana" de Lars Gustafsson;
"Leviathan" de Paul Auster;
"O último encontro" de Catherine Clement (por ter gostado muito do livro dela "Por amor à India");
"As Paixões de Julia" de Sommerset Maugham;

Leituras VI: The Kitchen Boy - Os últimos dias dos Romanov


Acabei de ler ler este livro e suspeito que tão cedo não vou conseguir esquecê-lo. Nem quero. Da história dos Romanov, sabia muito pouco, apenas que tinham sido a última família imperial russa e que tinham sido impiedosamente mortos na altura da revolução.
(re)Descobri que sabia tão pouco.
(re)Descobri que tanto mal tem sido feito em nome da mudança.
(re) Descobri que tantos desses males passaram impunes.

Bom, mas para além da história, o autor também tem mérito na escrita: Robert Alexandre capta a atenção do leitor de tal maneira que nem dei conta do passar do tempo nem do virar das páginas. De tal forma que à medida que chegava o fim eu lia um pouco mais devagar como que querendo mudar o fim desta história que não podia ser mudada porque afinal, a verdade é só uma.
Mesmo assim, o autor consegue surpreender.

Saturday, May 06, 2006

Tentando compensar o tempo perdido, aqui vai mais um contributo... Para quem não sabe, tenho o previlégio de ter uma profissão em que cada pessoa oferece-me o melhor de si... melhor que apesar de poder ser algo negro, trágico, doente, não deixa de ser o que de mais íntimo cada pessoa trás dentro de si, logo, o mais genuíno, por isso mesmo, o que tem de melhor... tenho assim oportunidade de aprender, conhecer, pensar sobre a vida, o amor, a desilusão, a perda, o sentido para tudo isto... é por isso um previlégio poder pensar sobre a vida com tudo o que tem de melhor e pior e ainda por cima ser paga para isso. Após esta introdução, queria partilhar uma ideia que tem estado atravessada há já algum tempo... é sobre este conceito que todos nós temos sobre o que é loucura e o que é saúde mental, principalmente esta tendência que temos de achar que quando alguém age ou pensa de forma que para nós é incompreensível, colocamos logo o rótulo que "aquele não bate bem da bola". Fiquei com esta idea atravessada quando há dias uma adolescente disse-me que se sentia muito melhor, serena, confiante, esperançosa no futuro e que tinha encontrado o equilíbrio e o sentido para a vida após meses de dôr e crise profunda porque tinha recebido um sms de Deus dando-lhe um "sinal" e agora sim, sentia que a vida ia valer a pena. A minha primeira reacção foi pensar: "piorou... vamos de mal a pior... sem duvida está com alucinações, delírios e sintomas afins!" mas, definições psicopatológicas à parte, talvez pensamentos loucos sejam os meus... porque não acreditar num Deus que não só olha por nós, como é capaz de ter um Nokia topo de gama e mandar um sms reconfortante? (o que nos faz sentir muito especiais, porque fazer parte da lista de endereços de Deus, é mesmo importante!) e mesmo que nada disto faça sentido, as pessoas têm de se agarrar a alguma coisa para continuar, não desistir, acreditar que a vida pode ser melhor... porque não um Deus fixe, moderno e actualizado? algumas ilusões talvez tenham a importante tarefa de num dado momento nos fazer crescer, logo, porquê deitar abaixo essas mesmas ilusões? Será loucura ou salvação? Talvez não acreditar em nada, não ver nenhum sinal que nos faça encher o peito de ar e seguir em frente confiantes que a vida vale a pena, viver num mundo "preto e branco" sem dar uma fugidinha ao mundo da fantasia é que é doença...

olá!!

Aqui estou eu, a amiga imaginária da Lenca! Na realidade, não existo... pois, já desconfiavam... aqui uma catarina metida, que nunca escrevia... serei eu fruto da imaginação e dos momentos de solidão da Lenca? dupla personalidade? delírio? alucinação? ilusão? fruto saudável da imaginação? fica ao vosso critério descobirir...
Para dar um ar sério e inteligente à minha primeira contribuição aqui vai citação de Álvaro de Campos:

"Começo a conhecer-me. Não existo.
Sou o intervalo entre o que desejo ser e o os outros me fizeram,
ou metade desse intervalo, porque também há vida...
Sou isso, enfim..."

Mesmo a propósito, não? Até sabe bem ser fantasia de alguém... antes isso que coisa nenhuma! Fica aqui o enigma: será que existo? Até a próxima!

Friday, May 05, 2006

Há músicas assim....

Roy Lichtenstein

Sem querer intrometer-me no universo político partidário...

Vinha no carro a ouvir o noticiário da TSF, ainda meio ensonada, quando a propósito do Congresso do CDS-PP deste fim de semana, ouço Narana Coissoró, apoiante da recandidatura de Ribeiro e Castro a dizer que " Nunca se sabe o que poderá acontecer. A moção de João Almeida é muito boa, forte, está muito bem escrita...Pode acontecer que haja discursos de apoio e se revele uma moção vencedora."
Primeiro fiquei profundamente assustada. Despertei de imediato. João Almeida presidente do CDS-PP????
Depois fiquei intrigada: Quem terá pensado, delineado e escrito a moção?.....

Wednesday, May 03, 2006

Para quem nunca lá esteve, para quem gostava de por lá passar, para quem quiser visitar o site...



Eu gostava de lá voltar...enquanto isso não acontece vou fazendo a visita virtual que vale bem a pena...
A parte da Tate collection tem "artists from A to Z". É uma visita para fazer com calma, sem ninguém à espera....

Tuesday, May 02, 2006

Quem anda à chuva...

...não pode esperar ficar com a roupa seca.

No meu zapping habitual em horário nobre (ainda existe alguém que consiga ver um noticiário de início ao fim? E nem falo do telejornal da madeira com o seu "tema do dia" que incita qualquer um a mudar de canal...) e depois de esta manhã ter já ameaçado mudar de planeta, eis que constato agora que há forças maiores que estão a conspirar contra mim (ou não fosse eu uma verdadeira portuguesa e não sofresse do síndroma "o mundo conspira contra mim").
As 2 peças seguidas sobre as invasões bairristas só podem mesmo querer dizer isso. Primeiro sou confrontada com notícia da acção de 600 polícias que, numa operação sem memória (pelo menos na memória curta que nos caracteriza) , faz uma espécie de arrastão ao contrário por entre as barracas (ilegais) no Bairro da Torre. Estamos a falar de um bairro indiciado como sendo o refúgio de criminosos, como sendo a origem de tiros disparados para aviões civis entre tantos outros que parecem ter sido os motivos desta invasão. Mas fiquei-me por estes dois porque a minha atenção seguiu depois para os testemunhos dos habitantes daquele bairro. Enquanto durou a operação (acho que ouvi 5 horas mas não posso ser precisa porque as expressões que de seguida refiro acabaram por tomar mais lugar na minha cabeça, apagando alguma da informação antes armazenada) as pessoas foram obrigadas a manter-se onde estavam, ou seja: quem estava do lado de fora ficava do lado de fora, quem estava do lado de dentro, aí permenecia também. Ora dos testemunhos que ouvi, e fazendo um apanhado muito opinativo com poucas bases de sustentação (outra característica bem portuguesa) posso assegurar que:
1º As mães do bairro da torre preocupam-se em demasia com os seus filhos. Base da dedução: "deixei a piquena lá dentro para ir ó café, se ela acende um fósfóro, comé?" ou ainda "deixei minha´filha em casa durante a noite e agora? A piquena já se deve ter mijado toda"
2º As mães do bairro da torre mesmo com filhos adultos preocupam-se em demasia. Base da dedução:
- "Aiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii......aaaaaaaaaaaaaaiiiiiiiiiiiiiiiiiii....que me vai dar um mal. Levaram os meus filhinhos...!!"
- (jornalista) "Levaram os seus filhos?? Mas detidos?"
-" Aiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii os meus três mais velhos foram todos!!"
- "Mas encontraram alguma coisa na sua casa durante a rusga?"
- "aaaaaaaaaaaaaaiiiiiiiiiiiii estes policias são uns monstros, deixaram isto neste estado, neste estado" ("que estado", perguntava-me eu ao ver as imagens)
- "levaram alguma coisa os polícias??"
- "aaaaaaaaiiiiiii os meus filhinhos...Hummm...encontraram uns cartuchos...cof...cof....aiiiiiiiiii....uma caçadeira.....aiiiiiiiiiiiiiiiii"
Bom, a segunda invasão bairrista aconteceu na costa da caparica mas bem mais pacata. Tratava-se de deitar abaixo construções ilegais. Mas, imagine-se, para falar aos jornalistas havia uma representante do "condomínio de moradores" porque afinal de conta as novas casas ("oferecidas" pela autarquia, são mais pequenas....").

Será que este serviço de condomínio faz outsourcing?... É que assim de repente se aquela máquina amarela resolve vir deitar abaixo construções ilegais aqui pela Madeira....

Olhe, desculpe, quanto custa um bilhete de ida para outro planeta?...

"Operação Primavera termina com 15 mortos"

"EUA: cliente encontra parte de um dedo em Hambuerger"

"Angola: Epidemia da cólera alastra e já fez 998 mortos"

"Irão reitera que prosseguirá com programa nuclear"



Raios....Marte também não vai dar... é que: "Marte secou há mais de 3 mil milhões de anos"